A Aliança Mundial para a Segurança do Paciente 

Oleak
17/09/2022
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Entenda como mitigar os riscos e conscientizar sobre as boas práticas nos ambientes de assistência a saúde.

A Aliança Mundial para a Segurança do Paciente 

Imagine você ter que ser submetido a um procedimento cirúrgico de urgência hoje, exatamente neste instante e sem aviso prévio. Muitas pessoas, quando pensam nessa possibilidade, logo demonstram medo de alguma complicação durante a operação.

Assim, por mais que a medicina tenha evoluído muito, novas técnicas cirúrgicas tenham sido desenvolvidas, bem como novos fármacos, existem riscos associados a cirurgias, o que, obviamente, causa apreensão.

Para mitigar estes riscos e conscientizar sobre boas práticas, foi estabelecido que setembro seria o mês da segurança do paciente e é sobre esta campanha que falaremos neste artigo.

Acompanhe a leitura! 

Segurança do paciente em debate 

O ano de 1999 foi um divisor de águas na área da saúde. Nele, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) lançou um relatório com o título “To err is human” (Errar é humano). O emblemático documento apontava o sistema de saúde dos EUA como responsável pela morte de até 98 mil pessoas por ano, todas devido a erros na assistência à saúde.

A partir da publicação do relatório do IOM, assuntos relacionados à segurança do paciente ganharam maior visibilidade, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criar, em 2004, a “Aliança Mundial para a Segurança do Paciente” (World Alliance for Patient Safety) e a desenvolver um Programa de Segurança do Paciente (Patient Safety Program). 

Neste sentido, tanto a Aliança Mundial como o programa foram criados para: 

  • alertar a comunidade de saúde internacional para a temática da segurança do paciente;
  • padronizar a classificação internacional sobre a segurança do paciente (International Classification for Patient Safety);
  • incentivar o desenvolvimento de ações com o objetivo de reduzir riscos de eventos adversos e, consequentemente, aumentar a segurança das organizações de saúde. 

Então, como fruto da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, em 2006, foram desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Joint Commission Internacional (JCI), as “Metas Internacionais de Segurança do Paciente”, identificando a área de atuação para promover a segurança do paciente. 

Vamos conhecê-las? 

1. Identificar corretamente o paciente 

2. Melhorar a eficácia da comunicação entre profissionais de saúde 

3. Melhorar a segurança na prescrição de uso e na administração de medicamentos de alta vigilância 

4. Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto 

5. Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde 

6. Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrente de quedas e de úlceras por pressão. 

Desse modo, vale destacar que o objetivo dessas metas é promover melhorias específicas na segurança do paciente por meio de estratégias que abordam aspectos problemáticos na assistência à saúde, apresentando soluções baseadas em evidências para esses problemas.

Mas, e no Brasil, houve algum programa específico para a Segurança do paciente? 

Bem, por aqui, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da Portaria 529, de 1 de abril de 2013, tomando como base as diretrizes da OMS. No programa, foi reforçada a importância da segurança do paciente e foram estabelecidos diversos protocolos que visam garantir um melhor cuidado na assistência prestada pelas instituições.

Segurança do paciente em números 

Para compreender melhor o cenário da segurança do paciente, muitos profissionais têm realizado pesquisas e estudos acerca da temática e, anualmente, as bibliotecas virtuais têm ganhado publicações relevantes. 

Com a finalidade de traçar um comparativo e entender como o Brasil evoluiu, uma equipe da Universidade de Brasília (DF) investiu em uma análise estatística compreendendo o período de 2014 a 2019, em que abordou os dados relacionados ao PNSP.

Para isso, foram analisadas todas as notificações efetuadas pelos grupos denominados Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) na base de dados no Ministério de Saúde. Confira a seguir:

Detalhes obtidos dessa análise estatística- dados entre 2014 e 2019 

● 52,45% dos incidentes notificados ocorreram nos setores de internação 

● 28,84% ocorreram nas unidades de terapia intensiva 

● Mais de 4,5 mil notificações não identificam o local onde os incidentes ocorreram 

● 60% dos eventos adversos notificados ocorreram no período entre 7h e 19h (importante destacar que são os horários de maior movimentação nos hospitais) 

● 19% das notificações não indicavam o turno em que os incidentes ocorreram 

● 3,53% das notificações foram de incidentes com recém-nascidos 

● 7,58% das notificações foram de incidentes com crianças 

● 54% dos casos envolviam pacientes com mais de 56 anos de idade 

● 52,58% das notificações foram de incidentes com pacientes do sexo feminino 

● As principais notificações de incidentes envolvem triagem não efetuada, diagnóstico incompleto, intervenção ou procedimento realizado no paciente errado e lesão por pressão 

● Perda ou obstrução de sondas e flebite, juntos, somam quase 50% de todos os incidentes apontados dentro da categoria “outros”. 

Dia Mundial da Segurança do Paciente

Por fim, diante da importância do cuidado e preservação da vida do paciente, durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em maio de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o dia 17 de setembro como o Dia Mundial da Segurança do Paciente. 

A criação da data teve como objetivo envolver e engajar os profissionais do setor da saúde na defesa e na luta pela segurança do paciente. Sem dúvidas, a ação coletiva é o que fortalece a defesa pela vida!

Ficamos por aqui, mas caso você queira se informar mais sobre esse assunto, indicamos algumas referências logo abaixo. 

Um abraço e até a próxima!

Referências sugeridas: 

Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente – link: https://segurancadopaciente.com.br/ 

Brasil. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente / Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.Disponível em: 

<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguran ca.pdf > 

Programa Nacional de Segurança do Paciente já tem história para contarDisponível em: <https://proqualis.net/noticias/programa-nacional-de-seguran%C3%A7a-do-paciente-j%C3%A1-t em-hist%C3%B3ria-para-contar#:~:text=O%20Programa%20Nacional%20de%20Seguran%C3% A7a,resultaram%20em%20dano%20desnecess%C3%A1rio%20para> 

Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) – Disponível em:<https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/pnsp> 

Portaria Nº 529, DE 1º DE ABRIL DE 2013 Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html>

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