Microrganismos multirresistentes: o que são e como combatê-los

Cris Collina
11/04/2024
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As enfermeiras Regiane Gonzalez e Marielly Herrera da Oleak, elencaram alguns pontos importantes sobre Microrganismos Multirresistentes e como combater.

Microrganismos multirresistentes: o que são e como combatê-los

Microrganismos multirresistentes são patógenos (bactérias, além de fungos, protozoários e vírus) que criam resistência ao efeito de medicamentos antimicrobianos e ameaçam a capacidade de tratar infecções causadas por eles. 

As bactérias multirresistentes estão presentes em hospitais e instituições de cuidados de longa permanência. Embora a transmissão de microrganismos multirresistentes (MDR) seja reportada com maior frequência em unidades críticas, de cuidados intensivos, o serviço de saúde como um todo pode ser afetado pela disseminação de MDR. Essas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde – IRAS  afetam os pacientes mais suscetíveis em unidades de terapia intensiva, oncologia e neonatologia, onde costumam causar alta mortalidade.

Algumas superbactérias importantes são: Staphylococcus aureus resistente a Oxacilina, Acinetobacter baumannii,Serratia marcescens, Enterococcus resistente à Vancomicina, Pseudomonas aeruginosa e dentre outras. Chamamos a atenção para mecanismos de multirresistência associados à classe de antimicrobianos do tipo carbapenêmicos que preocupa muito os profissionais de saúde.

Estudos apontam que as principais causas de morte em hospitais, a nível mundial, são as infecções resistentes a medicamentos e a sepse (infecção generalizada). Reduzir o número de mortes por infecções é uma prioridade urgente de saúde pública global.Uma vez que, segundo a OMS, se a situação não mudar, a resistência microbiana aos antimicrobianos pode causar 10 milhões de mortes a cada ano até 2050. 

Neste artigo, as enfermeiras Regiane Gonzalez e Marielly Herrera da Oleak, elencaram alguns pontos importantes sobre o assunto. Continue a leitura!

Os microrganismos multirresistentes são um problema novo?

Não, na década de 1940, a resistência à penicilina em Staphylococcus aureus, um tipo comum de bactéria, foi encontrada pela primeira vez. O uso generalizado de antibióticos, além do crescimento natural de bactérias ao longo do tempo, gerou a resistência microbiana.

Um estudo de 2019, publicado no periódico científico The Lancet¸ compartilhou que uma em cada oito mortes no mundo, naquele ano, foi associada a infecções bacterianas. As infecções bacterianas comuns se tornaram a segunda principal causa de morte.

Foram registradas 7,7 milhões de mortes associadas a 33 infecções bacterianas mais comuns, sendo que apenas cinco bactérias foram ligadas a mais da metade de todos os óbitos. Segundo o estudo, os agentes bacterianos mais mortais e os tipos de infecção variaram de acordo com a localização e a idade dos pacientes.

As infecções bacterianas ficaram atrás apenas da doença isquêmica do coração, que permaneceu como a principal causa de morte em 2019. Os especialistas destacam que a redução dos agravos devem ser uma prioridade global de saúde pública.

De acordo com os autores do estudo, construir sistemas de saúde mais fortes com maior capacidade laboratorial de diagnóstico, implementar medidas de controle e otimizar o uso de antibióticos são algumas das medidas essenciais para diminuir a carga de doenças causadas por infecções bacterianas comuns.

Causa

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência microbiana é um grave problema de saúde pública e está associada ao aumento do tempo de internação, dos custos de tratamento e das taxas de morbimortalidade dos pacientes.

Microrganismos multirresistentes se desenvolvem quando os antibióticos são tomados por mais tempo do que o necessário ou quando não são necessários. No início, apenas algumas bactérias podem sobreviver ao tratamento com antibióticos. Quanto mais frequentemente os antibióticos forem usados, maior será a probabilidade de desenvolvimento de bactérias resistentes.

As resistências afetam o tratamento de infecções adquiridas na comunidade; infecções urinárias por Escherichia coli ou infecções respiratórias por Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae podem não responder aos antibióticos usados ​​rotineiramente, por exemplo, e exigir o uso de tratamentos mais complexos e de maior custo.

Ainda de acordo com a declaração da OMS, os patógenos MDR chamados de ‘superbactérias’ são uma das principais ameaças públicas que anualmente causam vários milhões de mortes em todo o mundo. Em 2021, a OMS publicou a lista de patógenos resistentes a antibióticos (patógenos prioritários), destacando especialmente as bactérias gram-negativas resistentes que representam ameaça máxima à saúde humana. Com base na urgência de novos antibióticos, a lista é categorizada em três categorias, principalmente prioridade crítica, alta e média. 

O grupo crítico de bactérias MDR inclui Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e Enterobacteriaceae, que causam infecções graves como pneumonia e infecções da corrente sanguínea em pacientes internados em hospitais. O grupo de alta e média prioridade inclui bactérias resistentes a medicamentos como a Salmonellae, resistentes às fluoroquinolonas.

Como os microrganismos multirresistentes se espalham?

Na maioria das vezes, eles se espalham de paciente para paciente pelas mãos dos profissionais de saúde. Eles também podem se espalhar em objetos como alças de carrinhos de medicamentos, grades de cama, mesas de cabeceira, suportes intravenosos e cateteres (tubos macios colocados no corpo), para citar alguns. Eles também podem se espalhar de pessoa para pessoa por meio do contato direto (tocando em feridas com secreção, por exemplo).

A limpeza e desinfecção adequadas das instalações hospitalares são cruciais para prevenir a propagação desses microrganismos resistentes. Isso inclui a desinfecção regular de superfícies, a esterilização de equipamentos médicos e a implementação de práticas rigorosas de higiene pessoal por parte dos profissionais de saúde.

Além disso, medidas de controle de infecção, como a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), a adoção de protocolos de higienização das mãos e a segregação de pacientes infectados, também desempenham um papel fundamental na prevenção da disseminação de microrganismos multirresistentes nos ambientes de cuidados de saúde.

Quais são alguns fatores de risco para infecções

Em geral, como informado acima, as pessoas saudáveis ​​correm baixo risco de serem infectadas. O risco de infecção aumenta se você tiver:

·         Uma doença grave existente ou condição subjacente, como diabetes, doença renal crônica ou lesões de pele.

·         Uso prévio prolongado de antimicobianos.

·         Procedimentos invasivos, como diálise, e o uso de dispositivos médicos que entram no corpo, como tubos usados ​​para drenar urina (cateteres urinários) ou tubos em vasos sanguíneos usados ​​para administrar líquidos, medicamentos ou nutrientes (cateteres vasculares).

·         Contato repetido com o sistema de saúde, como inúmeras internações hospitalares ou consultas regulares de diálise.

·         Uma longa permanência no hospital.

·         Colonização anterior com um microrganismo multirresistente.

·         Se você é idoso ou está tomando medicamentos imunossupressores.

Que tipos de infecções os MDRs causam e como são tratados?

Microrganismos multirresistentes podem causar infecções em quase qualquer parte do corpo, incluindo: corrente sanguínea, pulmões, trato urinário, pele e local cirúrgico.

As infecções por microrganismos multirresistentes são difíceis de tratar porque não respondem a muitos antibióticos comuns, mesmo os mais potentes. Mas, certos antibióticos ainda podem ajudar a controlar os MDRs na maioria das pessoas. O médico tentará descobrir o tipo de MDR que causa a doença. Isso pode ajudar a escolher o melhor antibiótico. O tratamento com o antibiótico errado pode retardar a recuperação e dificultar a cura da infecção.

Um estudo publicado na NIH, sobre estratégias atuais de tratamento, ressalta que vários novos antibióticos contra as superbactérias prioritárias a nível mundial estão sendo lançados no mercado ou estão em fase de desenvolvimento clínico. As plantas medicinais que possuem metabólitos secundários potentes podem desempenhar um papel fundamental no tratamento contra essas superbactérias. A nanotecnologia também surgiu como uma opção promissora para combatê-los. 

Há uma necessidade urgente de descobrir continuamente a melhor estratégia de tratamento possível contra estas superbactérias, uma vez que a resistência também pode ser desenvolvida contra os novos e futuros antibióticos no futuro. O uso racional de antibióticos,   a manutenção de higiene adequada e a higienização das mãos devem ser comportamentos praticados regularmente como ação preventiva para evitar as IRAS.

Cuidados com a Limpeza no Combate aos Microrganismos Multirresistentes

A limpeza e desinfecção adequadas são fundamentais para prevenir a disseminação de microrganismos multirresistentes em hospitais e outros ambientes de saúde. Aqui estão algumas diretrizes gerais que podem ajudar:

Use produtos de limpeza e desinfecção apropriados: Certifique-se de utilizar produtos específicos que sejam eficazes contra os tipos de microrganismos que deseja eliminar. Existem produtos designados para uso em ambientes hospitalares que são mais potentes do que os produtos de uso doméstico comuns. Segundo a enfermeira Regiane Gonzalez, a Oleak conta com o produto Optigerm Pronto-uso que é um desinfetante hospitalar com alto poder germicida, indicado para limpeza e desinfecção de superfícies fixas e artigos não críticos em hospitais. Elimina bactérias multirresistentes com 1 minuto de contato; 3 min de contato para esporo Clostridium difficile e possui efeito residual de 30 dias, o que garante um ambiente mais seguro.

Regiane reforça que para a higienização das mãos a Oleak conta com o Opticare IHS Espuma e o Opticare IHS gel proporciona antissepsia eficiente das mãos em apenas 10 segundos, eliminando 99,99% dos microrganismos, com eficiência comprovada por laudos. Ao mesmo tempo, repõe minerais, aminoácidos e outros componentes fundamentais para garantir a integridade e regeneração  da pele.  Opticare IHS espuma é um antisséptico instantâneo a base de álcool etílico à 70% que contém Glicerina, D-Pantenol e Vitamina E, propriedades antioxidantes e hidratantes que preservam e recuperam danos causados pelo processo de lixiviação, que ocorre quando a pessoa lava suas mãos sob água corrente com muita frequência.

Limpeza regular: Mantenha uma programação de limpeza regular para todas as áreas do hospital, incluindo superfícies frequentemente tocadas, como maçanetas de portas, corrimãos, interruptores de luz, mesas e bancadas.

Desinfecção de alto toque: Dê atenção especial às áreas de alto toque, onde as mãos das pessoas entram em contato frequentemente. Isso inclui itens como telefones, computadores, carrinhos de hospital, e dispositivos médicos compartilhados.

Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI): Os profissionais de limpeza devem usar EPI adequado, como luvas e aventais, para proteger-se contra a exposição a produtos químicos e microrganismos.

Seguir as instruções do fabricante: Ao usar produtos de limpeza e desinfecção, siga sempre as instruções do fabricante quanto à diluição, tempo de contato e aplicação adequada. Isso garantirá a máxima eficácia dos produtos.

Ventilação adequada: Garanta uma boa circulação de ar nos ambientes para ajudar a reduzir a concentração de microrganismos no ar.

Treinamento dos funcionários: Todos os funcionários responsáveis pela limpeza devem receber treinamento adequado sobre as melhores práticas de higiene e limpeza, incluindo o manuseio correto de produtos químicos e equipamentos.

Monitoramento e auditoria: Realize auditorias regulares para garantir que os procedimentos de limpeza e desinfecção estejam sendo seguidos corretamente e para identificar áreas que possam precisar de melhorias.

Isolamento de pacientes infectados: Mantenha pacientes infectados com microrganismos multirresistentes isolados dos demais pacientes, e adote medidas adicionais de limpeza e desinfecção nos quartos e áreas adjacentes.

Colaborar com a equipe de saúde: Trabalhe em estreita colaboração com a equipe de saúde para identificar áreas problemáticas e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e controle de infecções.

A disseminação de microrganismos multirresistentes é uma preocupação crescente na área da saúde, com implicações significativas para a segurança do paciente. A enfermeira Marielly Herrera reforça que “a transmissão por contato é a principal via pela qual esses agentes patogênicos se espalham, destacando a importância crucial da adesão rigorosa às medidas de prevenção. No entanto, é alarmante observar ainda hoje que a baixa adesão a essas medidas, juntamente com falhas na limpeza e desinfecção de equipamentos e superfícies, contribui para um aumento no risco de contaminação”.

Para combater eficazmente essa ameaça, é imperativo um esforço conjunto que aborde não apenas a conscientização sobre a importância da higiene das mãos e da limpeza adequada, mas também a implementação de protocolos rigorosos em todas as etapas do cuidado ao paciente. A falta de antissepsia ao manipular dispositivos médicos, como cateteres e fístulas, é particularmente preocupante, pois está diretamente ligada a taxas mais altas de infecção. Isso tudo, atrelado ao desenvolvimento de novos antibióticos capazes de combater essas bactérias.

Portanto, é fundamental que instituições de saúde, profissionais e pacientes trabalhem em conjunto para garantir a implementação efetiva e a adesão estrita às medidas de prevenção. Somente através de uma abordagem abrangente e comprometida podemos esperar reduzir o impacto dos microrganismos multirresistentes e proteger a saúde e o bem-estar daqueles que dependem do sistema de saúde.

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