Infecções associadas aos cuidados de saúde ainda matam milhões e desafiam o sistema de saúde
As infecções relacionadas à assistência à saúde – IRAS seguem como um dos maiores desafios para a segurança do paciente em todo o mundo.
Cris Collina
09/06/2025
Novo relatório da OMS mostra avanços pontuais, mas destaca lacunas graves em infraestrutura, financiamento e formação profissional
As infecções relacionadas à assistência à saúde – IRAS seguem como um dos maiores desafios para a segurança do paciente em todo o mundo. O 2º Relatório Global sobre Prevenção e Controle de Infecções, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em dezembro de 2024, traz uma mensagem urgente: grande parte dessas infecções é evitável com medidas simples, mas ainda faltam investimentos, estrutura e priorização por parte de governos e instituições de saúde.
Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da Oleak na Divisão de Prevenção de Infecções, comenta sobre os dados do Relatório e como a Oleak está contribuindo com a prevenção das IRAS nas instituições de saúde.
Infecções silenciosas, impactos devastadores
Segundo o relatório, sete em cada cem pacientes em países de alta renda e 15 em cada cem em países de baixa e média renda, contraem infecções durante a internação. Em UTIs, esse número pode chegar a 30% dos pacientes.
Essas infecções não apenas prolongam a internação e elevam os custos, mas também têm consequências fatais: cerca de 3,5 milhões de mortes por ano podem estar associadas às IRAS até 2050, caso medidas efetivas não sejam adotadas. Isso representa quase cinco vezes mais mortes do que as causadas por HIV e doenças sexualmente transmissíveis combinadas em 2021, segundo dados do próprio relatório.
Além disso, as IRAS são o principal motor da resistência antimicrobiana (RAM), um problema que ameaça tornar ineficazes os antibióticos atuais — e com isso, comprometer cirurgias, tratamentos de câncer, transplantes e partos.
Pandemias e a dura lição: estamos despreparados
A COVID-19, assim como os surtos recentes de Ebola e Mpox, escancararam as deficiências nos programas de controle de infecção em muitos países. Mesmo após três anos de pandemia, menos da metade dos países possuem programas nacionais plenamente operacionais. E o mais preocupante: em 2024, 9% dos países sequer possuem um plano de controle de infecções, segundo a OMS.
Principais obstáculos identificados
O relatório analisa dados de 150 países e mais de 5 mil unidades de saúde. Eis os principais pontos críticos:
- Financiamento insuficiente: Apenas 44% dos países têm orçamento específico para programas de Prevenção e Controle de Infecção; entre os países de baixa renda, esse número cai para 33%.
- Formação profissional limitada: Apenas 38% dos países têm um currículo nacional estruturado de treinamento em IPC.
- Falta de monitoramento e auditoria: Menos de 52% dos países têm planos de vigilância e indicadores operacionais.
- Acesso à água, saneamento e higiene: 1,7 bilhão de pessoas ainda usam unidades de saúde sem acesso à água potável; 697 milhões sem banheiros adequados; e 3,4 bilhões sem instalações básicas de higiene das mãos.
Em muitos casos, não basta ter um programa de controle de infecção: é preciso garantir recursos humanos, infraestrutura, supervisão, dados e cultura organizacional.
Prevenção inteligente: alta eficácia com baixo investimento
O relatório reforça que até 70% das IRAS podem ser evitadas com boas práticas baseadas em evidência, como:
- Higiene das mãos;
- Uso adequado de EPIs;
- Limpeza e desinfecção de superfícies;
- Protocolos cirúrgicos seguros;
- Vigilância ativa e feedback;
- Formação e capacitação continuada.
A OMS estima que ações coordenadas em IPC podem evitar mais de 820 mil mortes por ano até 2050. Só em países de baixa e média renda, isso poderia prevenir 337 mil mortes associadas à RAM por ano.
E o melhor: são ações que geram alto retorno sobre o investimento, tanto em vidas salvas quanto na redução de custos hospitalares com antibióticos, tempo de internação e complicações.
O caminho até 2030: metas e diretrizes da OMS
Durante a 77ª Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2024, foi aprovado o Plano Global de Ação e Monitoramento de IPC 2024–2030, com metas claras:
Nível nacional (países):
- Adoção de legislações e orçamentos específicos para IPC;
- Programas nacionais ativos e auditáveis;
- Sistema de vigilância nacional de IRAS e RAM;
- Garantia de serviços básicos com água em todas as unidades.
Nível institucional (hospitais e clínicas):
- 100% das unidades com profissionais capacitados e treinados anualmente;
- Recursos e orçamento garantido para serviços de higiene;
- Programa de vigilância de IRAS e RAM ativo;
- Implementação dos requisitos mínimos da OMS em IPC.
Como a iniciativa privada pode contribuir: o papel da Oleak
Frente aos dados alarmantes, empresas especializadas se tornam fundamentais no suporte a hospitais, clínicas e unidades básicas de saúde. A Oleak, por exemplo, tem contribuído de forma efetiva com soluções que vão além do fornecimento de produtos — atuando também na capacitação técnica e no engajamento das equipes.
“O combate às infecções hospitalares exige não apenas produtos eficazes, mas também cultura de segurança, capacitação constante e padronização de processos. É nisso que a Oleak acredita e atua junto aos seus parceiros”, afirma Regiane Gonzalez.
Como a Oleak apoia as instituições de saúde:
- Produtos seguros e com laudos comprobatórios de eficiência: fornecimento de sabonetes, antissépticos e desinfetantes hospitalares validados cientificamente.
- Educação e capacitação: treinamentos contínuos sobre protocolos de limpeza, higienização correta das mãos, biossegurança e uso correto de EPIs.
- Gamificação e engajamento: uso de metodologias lúdicas e interativas para treinar equipes, melhorar adesão e gerar indicadores de desempenho.
- Consultoria: apoio técnico na estruturação de processos de limpeza, fluxo de higienização e adequações sanitárias em unidades com infraestrutura limitada.
- Monitoramento e rastreabilidade: soluções que auxiliam no registro e análise de práticas de higiene para auditorias internas e externas.
Conclusão
O novo relatório da OMS é, mais uma vez, um alerta. As infecções evitáveis continuam matando milhões, gerando sequelas e afetando profissionais e pacientes — e, ao mesmo tempo, minando os avanços da medicina moderna.
O desafio é grande, mas a solução é possível e está ao nosso alcance: educação, investimento, liderança e parcerias estratégicas.
Com apoio da iniciativa privada, governos e hospitais podem transformar essa realidade. Empresas como a Oleak podem ser protagonistas nessa mudança, contribuindo para um cuidado mais seguro, eficiente e humano.