Covid-19: nova variante XFG confirmada em SP e CE — qual o nível de risco?
Brasil pode estar subnotificando casos de Covid-19 com a nova variante XFG; entenda os riscos, sintomas e a importância de reforçar a higiene com álcool em gel e outras medidas preventivas.
Cris Collina
22/07/2025
Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da Unidade de Prevenção de Infecções de Oleak, explica em profundidade o que se sabe sobre essa variante e como se proteger.
O que é a variante XFG (também chamada Stratus)?
A variante XFG – também conhecida como Stratus – é uma sublinha da família Ômicron, resultante da combinação genética entre LF.7 e LP.8.1.2, identificada pela primeira vez em 27 de janeiro de 2025.
Já foi detectada em ao menos 38 países, com predomínio recente no Sudeste Asiático.
No Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde até agora foram confirmados 8 casos — 2 em São Paulo e 6 no Ceará, sem registro de óbitos associados.
Sintomas característicos da XFG
A covid-19 pode causar desde casos sem sintomas até quadros graves e críticos. Os casos variam conforme a gravidade:
Fonte: MInistério da Saúde
De acordo com dados da OMS – Organização Mundial da Saúde e estudos clínicos:
- Rouquidão ou voz áspera é o sintoma distintivo mais relatado — sugerindo irritação de garganta.
- Além disso, aparecem os sintomas típicos de variantes anteriores: febre, fadiga, tosse leve, congestão nasal, dor de garganta e, em alguns casos, perda de olfato/paladar.
- Sintomas mais intensos parecem pouco comuns; não há indícios de complicações pulmonares graves, como em ondas anteriores.
Nível de risco: por que ele é considerado baixo?
- A OMS classificou a XFG como “variante sob monitoramento”; o risco à saúde pública mundial é avaliado como baixo.
- Embora a transmissibilidade esteja crescendo — a proporção de casos globais saltou de 7,4% para 22,7% num mês — não há sinais de aumento na gravidade clínica.
- Não há evidências de que as vacinas percam eficácia significativa contra infecções sintomáticas ou graves pela XFG.
Comparativo com a variante detectada na Inglaterra (NB.1.8.1)
- A variação inglesa NB.1.8.1 (também chamada NB.1.8.1 ou “Nimbus”) foi confirmada em cerca de 13 casos na Inglaterra, sem indícios de aumento de gravidade.
- Sintomas incluem dor de garganta, fadiga, febre e dores musculares — bem similares aos da XFG.
- A NB.1.8.1 pertence à família Ômicron, assim como a XFG, mas são linhagens geneticamente distintas. Todas estão sendo monitoradas, sem indicação de vínculo direto entre elas.
A NB.1.8.1 era a segunda variante mais dominante nos EUA, respondendo por cerca de 37% dos casos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
“A variante XFG segue o padrão observado nas últimas sublinhas da Ômicron: alta contagiosidade, sintomas leves a moderados, e sem aumento de casos graves. A rouquidão passou a ser um sinal diferencial, mas ainda é um achado clínico recente. O importante é manter a vigilância, vacinar-se, e procurar o serviço de saúde se os sintomas progredirem, especialmente em grupos de risco.” Regiane Gonzalez.
O que fazer para se prevenir:
- Mantenha as vacinas em dia, incluindo os reforços; continuam altamente eficazes em evitar formas graves da doença. O público prioritário para imunização contra covid-19 são as crianças de 6 meses a 4 anos, e a partir de 5 anos com comorbidades; pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas (mulheres que recém-deram à luz), e quem tem problemas imunológicos.
- Use máscara em ambientes fechados ou com maior circulação, principalmente se estiver gripado ou com pessoas vulneráveis.
- Higienize as mãos com frequência e evite tocar no rosto. Apesar de a Covid-19 ser predominantemente transmitida por vias aéreas (gotículas e aerossóis), o contato com superfícies contaminadas e as mãos mal higienizadas continuam sendo uma via relevante de contágio, especialmente quando há contato com olhos, nariz e boca — principais portas de entrada do vírus no organismo.
Segundo a OMS, até 80% das infecções respiratórias podem ser evitadas com a correta higienização das mãos.
O problema é o hábito inconsciente: estudos mostram que uma pessoa toca o rosto entre 16 e 23 vezes por hora, muitas vezes após manusear objetos compartilhados, como corrimãos, celulares, teclados e maçanetas. Se as mãos estiverem contaminadas, esse gesto leva o vírus diretamente às mucosas.
Como higienizar corretamente?
· Ao chegar em casa ou no trabalho
· Antes de tocar no rosto ou nos alimentos
· Após tossir, espirrar ou assoar o nariz
· Depois de usar transporte público ou encostar em superfícies compartilhadas
· Após cuidar de pessoas doentes ou visitar ambientes hospitalares
Com o quê?
· Água e sabão: por pelo menos 40 segundos, cobrindo todas as áreas da mão, incluindo unhas e punhos.
· Álcool em gel 70%: Aplique e friccione até secar, cobrindo bem toda a superfície.
- Ventile ambientes — isso reduz o risco de transmissão por aerossóis.
- Faça o isolamento, mesmo que doméstico, ao surgir sintomas como febre, dor de garganta ou rouquidão, evitando contágio de pessoas mais frágeis.
Quando procurar atendimento médico:
Procure auxílio caso:
- Os sintomas se agravem após o 3º dia, com febre persistente, falta de ar ou mal-estar intenso.
- Seja portador de comorbidades ou fizer parte de grupos de risco (idosos, imunossuprimidos, gestantes).
- Teve contato com alguém com diagnóstico confirmado de Covid‑19 ou variante XFG.
Conclusão
Regiane Gonzalez reforça: “O cenário não indica uma nova pandemia, mas a Covid não terminou. Continuar vacinado e adotar hábitos básicos, reduzindo riscos, garantem segurança para todos — incluindo pessoas vulneráveis.”
O Brasil pode estar enfrentando uma subnotificação significativa de casos de Covid-19, especialmente com a circulação da nova variante XFG, o que dificulta a real dimensão do problema. A redução na testagem, os sintomas mais leves da nova cepa, o uso de autotestes sem notificação e a falsa sensação de segurança após o fim do estado de emergência contribuem para que muitos casos não sejam registrados oficialmente. Essa invisibilidade impede respostas eficazes e aumenta o risco para populações vulneráveis. Por isso, é fundamental reforçar medidas preventivas como a higienização frequente das mãos com álcool em gel, uso de máscaras em locais fechados e atenção aos sintomas respiratórios, mesmo que leves.