Vacinação

Sua decisão faz a diferença: Vacinação para todos.

Semana de Vacinação 2025 reforça importância da imunização e mobiliza escolas para combater doenças como sarampo, dengue e pólio.

Cris Collina
24/04/2025
4 minutos de leitura

Semana de Imunização reforça importância de eliminar doenças evitáveis

Entre os dias 26 de abril e 3 de maio de 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em parceria com países e territórios da Região das Américas, lança a 23ª Semana de Vacinação nas Américas (SVA), que ocorre em paralelo à 14ª Semana Mundial de Imunização (SMI), promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sob o tema “Sua decisão faz a diferença. Imunização para todos”, a campanha deste ano convida governos, profissionais de saúde e a população a reforçarem seu compromisso com um objetivo urgente e possível: acelerar a eliminação de doenças transmissíveis até 2030.

O foco da campanha em 2025 está diretamente alinhado à Iniciativa de Eliminação de Doenças, proposta pela OPAS, que busca erradicar mais de 30 doenças transmissíveis e condições relacionadas nos próximos cinco anos – sendo 11 delas evitáveis por meio da vacinação.

Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da Oleak da Divisão de Prevenção de Infecções Relacionadas à Saúde, reforça que esse movimento representa um passo decisivo rumo à equidade em saúde e à proteção coletiva, especialmente dos grupos mais vulneráveis.

Um momento decisivo para a saúde pública

A Região das Américas sempre esteve na vanguarda da imunização. Em 1980, foi a primeira do mundo a erradicar a varíola, seguida da eliminação da poliomielite e, mais tarde, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do tétano neonatal.

No início de 2024, 19 países das Américas já estavam livres da malária, enquanto 11 haviam interrompido a transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis.

No entanto, a pandemia de COVID-19 causou interrupções importantes nos programas de imunização, provocando retrocessos em conquistas históricas.

A hesitação vacinal aumentou, campanhas de rotina foram adiadas e muitas crianças não receberam doses essenciais. É chegada a hora de recuperar o terreno perdido e avançar com mais força.

Investir em eliminação de doenças: decisão estratégica e econômica

Além de salvar vidas, investir em vacinação e em estratégias de eliminação de doenças traz retornos sociais e econômicos expressivos segundo a OPAS para as Américas. Veja os dados:

Doenças infecciosas negligenciadas
Cada US$ 1 investido = retorno líquido de US$ 25
Retorno anualizado: 30%

Hanseníase, leishmaniose, doença de Chagas
Retorno estimado: US$ 16,6 bilhões (2021-2030)
Redução de US$ 10,4 bilhões em gastos diretos com saúde

Tuberculose
Retorno entre US$ 30 e US$ 115 por dólar investido
Diagnosticar e tratar = salvar e empoderar

HIV
Cumprir metas = economia de US$ 24 bilhões
Retorno: 15 vezes o valor investido

Vacinação
Cada US$ 1 investido = retorno de US$ 26,35
Proteger, produzir e prosperar: a imunização é um pilar do desenvolvimento

Como está o Brasil? Um retrato atual das doenças e da imunização

O Brasil, tradicionalmente reconhecido por seu Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem enfrentado desafios importantes nos últimos anos, especialmente na queda das coberturas vacinais de doenças já controladas ou eliminadas.

Apesar dos esforços, o Brasil ainda enfrenta desafios nas coberturas vacinais, especialmente após a pandemia. Em 2023, por exemplo, a cobertura da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ficou abaixo da meta de 95%, o que levou à reintrodução de casos de sarampo no país.

O Ministério da Saúde reforça a importância de manter o calendário vacinal em dia e de ampliar ações de educação em saúde. Acesse e saiba mais quais vacinas são necessárias por faixa etária.

DoençaSituação atual no Brasil (2025)
PoliomieliteEliminação mantida, mas risco de reintrodução preocupa. A cobertura vacinal em 2023 ficou abaixo de 80%.
SarampoReemergência desde 2018. Brasil perdeu o certificado de eliminação em 2019. Casos ainda registrados em 2024 e em 2025.
Rubéola e SRCEliminação mantida, mas vacinas combinadas (tríplice viral) com cobertura abaixo da meta.
Hepatite BCampanhas de reforço em curso. A cobertura neonatal caiu durante a pandemia.
HPVAdesão abaixo da esperada em adolescentes. Ampliação de público-alvo prevista para 2025.
COVID-19Vacinação em andamento para grupos de risco com vacina atualizada. Queda na procura preocupa autoridades.
InfluenzaCampanhas sazonais em andamento. Boa adesão nos grupos prioritários, mas metas ainda não atingidas.
TuberculoseAvanços no diagnóstico precoce e tratamento. Taxa de incidência ainda elevada em populações vulneráveis.
HIV e sífilis congênitaProgressos importantes em estados como São Paulo e Paraná. Meta de eliminação até 2030.​ Atualmente, o Brasil não possui vacinas aprovadas para o HIV ou a sífilis.​ O Brasil dispõe de estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para controlar essas infecções.
DengueEpidemia em vários estados no início de 2025. Campanhas de vacinação com a Qdenga iniciadas, mas cobertura ainda limitada. O Instituto Butantan já solicitou à Anvisa o registro de sua vacina (Butantan-DV) contra a doença e está na expectativa para a aprovação da nova tecnologia, que promete proteger a população com apenas uma dose.
Febre AmarelaÁreas com recomendação de vacinação ampliadas. Casos        esporádicos em regiões silvestres. Baixa cobertura e muitos que receberam a dose fracionada em meados de 2007, acreditam que não precisam fazer a dose plena, sendo que se faz necessário esse reforço e preocupa zonas urbanas com risco potencial.

Escolas como aliadas da saúde

Neste ano, a mobilização pela vacinação ganhou ainda mais força com o engajamento das escolas. Reconhecidas como espaços estratégicos de promoção da saúde, elas são palco da Estratégia de Vacinação nas Escolas, promovida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pelo Programa Saúde na Escola (PSE) entre 1º de abril e 31 de maio de 2025.

A ação busca reduzir a hesitação vacinal, ampliar coberturas e prevenir doenças imunopreveníveis entre crianças e adolescentes. Um dos destaques é a Semana de Intensificação da Vacinação nas Escolas, iniciada no dia 11 de abril e se estenderá até 30 de abril, com foco na conscientização de estudantes, famílias e comunidade escolar.

Essas ações se fundamentam na intersetorialidade entre saúde e educação. O PSE, que integra os Ministérios da Saúde e da Educação, oferece diretrizes e ferramentas para que escolas atuem no enfrentamento das vulnerabilidades que impactam o desenvolvimento de jovens em todo o país.

Vacinação e currículo escolar: uma integração necessária

Conscientizar é formar para o futuro. As escolas podem — e devem — trabalhar o tema da vacinação de forma transversal, conectando-o às disciplinas, à medida que as cadernetas de vacinação são checadas e atualizadas. Respeitando as fases de desenvolvimento dos alunos, as atividades podem promover o conhecimento científico, o senso crítico e o exercício da cidadania em relação à saúde pública.

Além disso, os municípios e estados são incentivados a replicar a articulação entre saúde e educação, promovendo busca ativa de alunos com esquemas vacinais incompletos, especialmente menores de 15 anos, e tornando a vacinação uma pauta permanente no ambiente escolar.

Vacinar é um ato de amor e cidadania

Regiane reforça que “a vacinação é uma das ferramentas mais eficazes e acessíveis da medicina moderna. Ao proteger um indivíduo, ela também protege toda a comunidade – o chamado efeito rebanho.”

Durante a Semana de Vacinação nas Américas, a OPAS e seus parceiros reforçam que cada decisão de vacinar é um passo rumo a um futuro mais saudável e justo.

Neste ano, mais do que nunca, é tempo de agir com responsabilidade, investir com inteligência e vacinar com amor. Porque sim, a sua decisão faz a diferença.

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