A limpeza pode ser sustentável? Mas, o que é ser sustentável?
De forma bastante simples, o conceito de sustentabilidade se refere à capacidade de satisfazer as necessidades atuais do mundo sem pôr em risco a capacidade das gerações futuras de fazer o mesmo. Isto significa assegurar o equilíbrio dos recursos naturais, sociais e econômicos, quer seja um produtor, fornecedor ou consumidor de bens ou serviços.
Sendo assim, o serviço de limpeza pode ser feito de modo sustentável e este artigo vai tratar, justamente, dos caminhos possíveis para tornar os procedimentos de limpeza mais verdes e sustentáveis. Vamos lá?
O que é sustentabilidade e quais os pilares?
Antes de responder a pergunta sobre o que torna a limpeza sustentável, vamos entender um pouco mais sobre o conceito de sustentabilidade. Segundo Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega, que atuou como presidente de uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) e que usou pela primeira vez o termo, em 1987, “desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”.
Ainda sobre o conceito de sustentabilidade, ele é feito de três pilares: sustentabilidade econômica, ambiental, e social. Veja, a seguir, o que cada um inclui:
Sustentabilidade econômica
Este pilar da sustentabilidade consiste em promover e manter a independência econômica, garantindo que cada comunidade tenha acesso aos recursos necessários para satisfazer as suas necessidades. A subsistência estável também está no cerne da sustentabilidade econômica.
Sustentabilidade ambiental
A maioria das pessoas associa sustentabilidade à proteção e preservação do meio ambiente. Este é o pilar mais facilmente compreendido, porque a maioria da população já está consciente da necessidade de assegurar a integridade ecológica.
Sustentabilidade social
Este pilar está relacionado aos direitos humanos universais e visa assegurar que todas as necessidades básicas sejam alcançáveis para que as comunidades possam manter a saúde e a segurança. A sustentabilidade social também aborda a proteção contra a discriminação e a preservação dos direitos culturais, laborais e individuais.
O que é a limpeza sustentável?
Mas, agora, como a limpeza se encaixa na sustentabilidade? Com base na definição e conceitos citados acima, a limpeza sustentável pode, então, ser compreendida como um conjunto de métodos e hábitos de limpeza que são bons tanto para as pessoas como para o ambiente. Estas práticas podem ser realizadas tanto em pequena como em grande escala e, portanto, podem ser praticadas tanto por indivíduos como por empresas.
Para tornar mais fácil a compreensão, podemos definir que a limpeza sustentável, assim como a sustentabilidade, possui três pilares: consumo consciente de produtos ecológicos, processos adequados e conservação de água.
Consumo consciente de produtos ecológicos para uma limpeza sustentável
Como primeiro aspecto da limpeza sustentável temos a escolha dos produtos, que é essencial para uma prática responsável e que se importa com as pessoas e o ambiente.
Por isso, é importante saber que existem órgãos reguladores, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que atestam a sustentabilidade dos produtos.
Muitas vezes, os fabricantes colocam nos rótulos algumas palavras como “orgânico” ou “natural”, que são propositalmente genéricas e que podem levar o consumidor ao erro, em uma prática conhecida como “greenwashing”.
Então, um produto de limpeza que seja, de fato, sustentável deve satisfazer as necessidades de oito categorias de impacto em seu ciclo de vida:
- Exaustão de recursos naturais: redução na quantidade de recursos naturais disponíveis, medida em relação à sua oferta global.
- Acidificação: diminuição do pH do solo e da água, resultante da emissão de óxidos de nitrogênio e enxofre.
- Eutrofização: processo de poluição de corpos d’água, como rios e lagos, que acabam adquirindo uma coloração turva ficando com níveis baixíssimos de oxigênio.
- Aquecimento global: resultante da emissão de CO2 e outros gases de efeito estufa como CH4, CO, N2O, aerossóis.
- Redução da camada de ozônio: emissão de gases CFC prejudiciais à camada de ozônio.
- Toxicidade humana: exposição de pessoas à substâncias tóxicas diversas na água, no solo e no ar.
- Toxicidade terrestre: quantidade de produtos tóxicos emitidos na natureza, e que afetam não somente os humanos, mas todo os seres vivos e o ecossistema.
- Oxidação fotoquímica: oxidantes fotoquímicos são poluentes formados pela queima de combustíveis e solventes. A reação ocorre na presença de luz solar, daí o termo fotoquímico.
E, na análise, todas as etapas do seu ciclo devem ser revisadas:
- Como ele é produzido, a partir do momento em que suas matérias primas são extraídas da natureza;
- Como ele é transportado;
- Quanto dele é utilizado na limpeza;
- De que forma ele é utilizado;
- Como ele deve ser descartado.
Vale destacar, no entanto, que existem muitos componentes que foram considerados seguros por um período, mas, com a evolução do conhecimento e das pesquisas, descobriu-se que oferecem riscos à saúde ou ao meio ambiente. Como exemplos temos:
| Composto | Onde era encontrado | Danos que causa |
| Formol: usado, sem restrições, por mais de 80 anos | Desinfetantes, esmaltes de unha, produtos para cabelo | Carcinógeno |
| Alquilfenóis: usados, sem restrições, por mais de 60 anos | Amaciantes, detergentes, desengraxantes, desengordurantes, etc. | Problemas endócrinos e hormonais. Possui efeito teratogênico. |
| Triclosan: usado, sem restrições, por mais de 40 anos | Sabonetes, cremes dentais, antissépticos, desodorantes, desinfetantes. | Pode formar uma substância perigosa que afeta o sistema nervoso central, rins, sistema cardiovascular e fígado. Pode causar câncer. |
O risco que oferecem está diretamente relacionado ao perigo dos componentes e ao tempo de exposição (risco = perigo x exposição).
Sendo assim, para mitigar quaisquer riscos e potenciais efeitos negativos ao ser humano ou ao meio ambiente, a melhor maneira é reduzir a exposição, ou seja, consumir os produtos químicos de forma consciente.
Eficiência no procedimento de utilização
Vamos agora ao segundo pilar da limpeza sustentável que trata da contenção de desperdício de produtos de limpeza e água, além de outros recursos como tempo, energia e capital.
Isto significa aumentar a eficiência a cada limpeza e pode parecer óbvio, mas é essencial escolher fabricantes idôneos, que tenham grande experiência naquilo que fazem e que tenham reputação inabalável. Uma vez eleito um fornecedor confiável, seguir rigorosamente as instruções de uso e descarte apontadas nos rótulos e nas fichas técnicas dos produtos.
A ordem do processo também precisa estar de acordo com os protocolos corretos para cada estabelecimento, de forma a evitar o desperdício e o retrabalho.
Por isso, vamos relembrar qual a ordem correta da limpeza profissional:
- Do mais alto para o mais baixo;
- Do mais limpo para o mais sujo*;
- Dentro para fora;
- Da esquerda para a direita.
*Se houver um foco de sujeira de grande proporção e/ou contaminante, a ordem é alterada: deve-se iniciar pela sua remoção, para evitar que ela se espalhe pelo ambiente.
É importante seguir esta ordem para que superfícies já limpas não fiquem sujas pela redeposição de matéria. Para isso, deve-se iniciar a limpeza pelo teto, passar pelas paredes, mobílias e terminá-la no chão.
Ainda sobre a ordem de limpeza, quando se trata de mobiliário, ela também conta. Dessa forma, o procedimento de limpeza deve começar sempre pela mobília mais alta para depois limpar a mais baixa. Outro fator importante é limpar primeiro o móvel ou cômodo mais distante da porta de entrada, deixando por último o mais próximo.
E, por fim, o movimento da esquerda para a direita é indicado para que o profissional não se perca no processo e acabe contaminando um local já limpo, passando o equipamento ou acessório no mesmo local mais de uma vez.
Importante ressaltar que nunca se deve realizar um movimento circular na hora de limpar, pois ele somente espalha a sujeira ao invés de removê-la.
Conservação de água
É muito comum que a limpeza comercial tenha um alto gasto de água. Para evitar o desperdício deste recurso tão importante, é essencial que haja racionamento, ensino de boas práticas aos usuários e que equipamentos sejam revistos.
Confira alguns equipamentos e acessórios destacados pela Abralimp para economia de recursos hídricos:
Enceradeiras industriais
As enceradeiras industriais são aliadas na redução do consumo de água, pois são equipamentos que realizam uma ação mecânica excelente, utilizando pouquíssima água em conjunto com o produto químico adequado.
Trata-se de uma ferramenta extremamente versátil, capaz de limpar com eficácia e rapidez diferentes tipos de pisos e superfícies, removendo sujidades que não seriam removidas somente com água, detergente e uma vassoura, por exemplo.
Lavadoras de alta pressão
As lavadoras de alta pressão são ideais para a limpeza de grande áreas, como pátio, garagens e estacionamentos, nas quais a lavagem é inevitável.
Para seu funcionamento, a lavadora recebe a água da torneira, aumentando consideravelmente a pressão e diminuindo a vazão comparada a uma mangueira convencional. Desse modo, com essa pressão maior, podemos realizar a limpeza de forma mais rápida, reduzindo a quantidade de água no procedimento.
Cuidado: a lavadora de alta pressão não é uma “vassoura hidráulica”!
É fundamental, antes de iniciar a limpeza com ela, varrer e recolher detritos soltos. Para áreas grandes, há diversas opções de equipamentos especiais para recolher essa sujeira solta, com muita rapidez e praticidade. Dessa forma, a economia de água será ainda maior.
Outra dica muito eficaz é pulverizar, previamente à limpeza com a lavadora de alta pressão, solução de limpador específico para pisos, nos locais muito sujos e encardidos. O produto químico vai ajudar a desprender a sujeira fortemente aderida e proporcionar melhor resultado.
Além da economia de água, o uso das lavadoras de alta pressão ajuda na redução do consumo de produtos químicos, do tempo necessário e do esforço físico exigido. A pessoa que faz a limpeza não precisa utilizar vassoura para esfregar, por exemplo, já que a lavadora cumpre esse papel ao mesmo tempo em que lava.
Sistemas de limpeza Spray Mop
Um outro recurso importante nas práticas de limpeza sustentável são os chamados mops. Eles são equipamentos bem versáteis, e há diversos tipos que servem para recolher partículas soltas – como poeira – para limpeza úmida e para aplicação de ceras e acabamentos em superfícies lisas horizontais ou verticais.
Assim, os mops podem ser utilizados nas tarefas de manutenção da limpeza e o sistema de spray é capaz de aplicar as soluções por meio de jatos dirigidos.
Já o refil de microfibra, encaixado na base adequada, tem capacidade de promover uma limpeza mais eficaz, por conta de sua potência de absorção e também pela ação de limpeza mecânica que exerce sobre as superfícies.
Portanto, é um sistema eficiente para a economia de produtos de limpeza, recursos hídricos e esforço físico.
Panos coloridos de microfibra e borrifadores
Chegamos, agora, aos panos coloridos de microfibra e os borrifadores, itens simples que ajudam muito em uma prática mais consciente de limpeza. Os panos de microfibra, diferente dos de algodão convencionais, não soltam pelos e absorvem mais água e sujidade.
O uso de panos coloridos são indicados para facilitar a identificação e separação por ambientes ou por tarefas. Para limpeza dos panos, basta colocá-los de molho em solução com detergente neutro líquido e depois torcer. A dica é não utilizar amaciantes ou alvejantes.
Além dos panos, temos o borrifador, que é um acessório pouco lembrado, mas que faz muita diferença no processo da limpeza. Eles podem ser usados com gatilhos coloridos para separação dos produtos, evitando a contaminação cruzada. Com o uso do borrifador, é possível economizar produto e água nos procedimentos.
Balde espremedor com divisórias para duas águas
Por fim, como aliado da limpeza sustentável, temos o balde duplo com divisória fixa e espremedor. Funciona associado ao conjunto de mop, com cabo, refil (cabeleira ou mop plano) e garra.
O equipamento funciona da seguinte maneira: na parte dianteira do balde, coloca-se solução de água com produto de limpeza, que será aplicada no piso. Na parte traseira, coloca-se água limpa, para enxágue do mop.
Vale destacar que o balde espremedor promete utilizar apenas 30% do volume de água em relação à limpeza convencional, feita sem este recurso. O sistema do balde também permite excelente ergonomia para o usuário.
Portanto, o balde espremedor garante limpeza mais eficiente e com uso racional de produtos químicos e de água, gerando benefícios em dobro, com diminuição do impacto ambiental e com maior segurança para o profissional responsável.
Agora que você sabe o que torna a limpeza sustentável, conte com a Oleak e nossos artigos e produtos certificados para uma prática mais consciente e amiga das pessoas e do meio ambiente.
Até o próximo! 🙂
Referências:
https://crewcare.co.nz/blog/sustainable-cleaning/ – acesso em 16/03/23
https://abralimp.org.br/noticias-detalhe.asp?id=4778&n=limpeza-ecologica-e-verde-%C3%A9-cada-vez-mais-valorizada – acesso em 16/03/23
OMETTO, Aldo. Adequação Ambiental de Empresas – acesso em 03/04/23
