Janeiro Branco: a Importância de cuidar da saúde mental dos profissionais de saúde

Cris Collina
23/01/2025
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O Janeiro Branco é uma campanha que convida à reflexão sobre a saúde mental, incentivando a priorização do bem-estar emocional em todas as áreas da vida.

Janeiro Branco: a Importância de cuidar da saúde mental dos profissionais de saúde

O Janeiro Branco é uma campanha que convida à reflexão sobre a saúde mental, incentivando a priorização do bem-estar emocional em todas as áreas da vida. Para os profissionais de saúde, que frequentemente enfrentam altos níveis de pressão e demandas emocionais, essa iniciativa ganha uma relevância ainda maior.

Por que cuidar da saúde mental é tão importante?

A saúde mental é um pilar essencial para uma vida equilibrada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais, como depressão e ansiedade, estão entre as principais causas de incapacidade no mundo.

Ainda segundo a OMS, 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental. No Brasil, os transtornos mentais já são a principal causa de afastamento do trabalho. Depressão, ansiedade, síndrome de burnout e estresse ocupacional são alguns dos exemplos que afetam milhões de trabalhadores, impactando não apenas a saúde individual, mas também a produtividade das empresas.

O órgão aponta que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a 11,7 milhões de brasileiros. Estudo epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde revela que nos próximos anos até 15,5% da população brasileira pode sofrer depressão pelo menos uma vez ao longo da vida, ou seja, o número tende a triplicar.

Investir na saúde mental impacta diretamente na qualidade de vida, relacionamentos e produtividade no trabalho. Em empresas, por exemplo, colaboradores que se sentem emocionalmente amparados apresentam melhores índices de engajamento e criatividade, além de menos absenteísmo.

Em 2024, o Ministério da Saúde publicou as diretrizes “Saúde Mental dos Trabalhadores dos Serviços de Saúde: Diretrizes para Formulação de Políticas Públicas em Emergência em Saúde Pública”. Com o objetivo de oferecer, ainda, respaldo para elaboração de documentos orientadores como guias, planos, processos e protocolos que contribuam para o estabelecimento de estratégias de cuidado à saúde mental destinada a todos os trabalhadores dos serviços de saúde no enfrentamento de futuras situações epidemiológicas como surtos, epidemias e pandemias.

O Impacto da saúde mental nos profissionais de saúde

Profissionais de saúde estão entre os grupos mais vulneráveis a transtornos mentais, como burnout, depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Segundo o estudo “Estilo de Vida e Burnout Médico no Brasil 2020”, realizado pelo Medscape, 45% dos médicos brasileiros relataram sofrer de burnout ou depressão. Entre esses, 59% afirmaram que esses problemas se intensificaram devido à pandemia de COVID-19.

Fatores como excesso de tarefas burocráticas, longas jornadas de trabalho, baixa remuneração e falta de suporte emocional são apontados como principais contribuintes para o agravamento desses transtornos. A mesma pesquisa revelou que 33% dos profissionais relataram pensamentos suicidas, evidenciando a gravidade da situação.

Um estudo publicado no Journal of Clinical Nursing em 2018 descobriu que a prevalência de depressão entre enfermeiros foi de 33,6%. A depressão é um problema de saúde mental que afeta muitos profissionais de enfermagem. Além disso, outro estudo publicado no Journal of Nursing Education and Practice em 2019 descobriu que a prevalência de depressão entre estudantes de enfermagem foi de 28,3%.

Principais transtornos mentais entre profissionais de saúde

  1. Burnout: Caracterizado por esgotamento físico e emocional, o burnout é amplamente prevalente entre médicos, enfermeiros e outros profissionais da área. Os sintomas incluem:
  • Físicos: Cansaço extremo, insônia, dores de cabeça, tensão muscular e problemas digestivos.
  • Emocionais: Irritabilidade, desânimo, sensação de incapacidade e isolamento social.
  • Comportamentais: Queda na produtividade, afastamento de tarefas e maior consumo de álcool ou outros estimulantes.
  • Cognitivos: Dificuldade de concentração, pensamentos confusos e indecisão.
  1. Depressão: A rotina intensa e o contato constante com situações de sofrimento humano podem desencadear sintomas de tristeza persistente, perda de interesse e dificuldades para realizar atividades diárias.
  2. Ansiedade: O medo de cometer erros e a pressão por resultados perfeitos podem gerar transtornos de ansiedade, afetando a capacidade de decisão e concentração.
  3. Síndrome do Pânico: A síndrome do pânico causa crises de medo intenso com sintomas como taquicardia, falta de ar, tontura e medo de perder o controle. Pode levar ao isolamento, mas o tratamento com psicoterapia e, em alguns casos, medicação, ajuda no controle. 
  4. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): Vivências traumáticas, como lidar com emergências ou perda de pacientes, podem levar ao TEPT, caracterizado por flashbacks, insônia e irritabilidade.
  5. Abuso de Substâncias: Muitos profissionais recorrem ao uso de álcool ou medicamentos para lidar com o estresse, o que pode evoluir para dependência.

O que os profissionais de saúde podem fazer

  • Reconhecer os Sinais: Esteja atento a mudanças no comportamento, humor e na qualidade do sono. O reconhecimento precoce é fundamental para buscar ajuda.
  • Estabelecer Limites: Aprender a dizer “não” é essencial para evitar a sobrecarga. Definir limites claros entre vida pessoal e profissional pode prevenir o esgotamento.
  • Buscar Apoio Profissional: A terapia psicológica e o acompanhamento psiquiátrico são aliados importantes na manutenção da saúde mental.
  • Praticar o Autocuidado: Inclua atividades prazerosas na rotina, como exercícios físicos, hobbies e momentos de lazer.
  • Participar de Grupos de Apoio: Compartilhar experiências com outros profissionais pode reduzir a sensação de isolamento e proporcionar novas perspectivas.

O papel das instituições de saúde

As instituições de saúde têm um papel crucial na promoção do bem-estar de seus colaboradores. Algumas iniciativas importantes incluem:

  1. Implementação de Programas de Apoio: Oferecer serviços de suporte psicológico, como terapias e grupos de acolhimento.
  2. Capacitação em Saúde Mental: Promover treinamentos para gestores e equipes sobre como identificar sinais de transtornos mentais e oferecer suporte.
  3. Flexibilização de Jornadas: Permitir escalas de trabalho mais flexíveis para reduzir o estresse e aumentar a satisfação.
  4. Ambiente Acolhedor: Criar espaços de descompressão, onde os profissionais possam relaxar e recarregar as energias durante os plantões.
  5. Reconhecimento e Valorização: Demonstrar apreciação pelo trabalho realizado é essencial para fortalecer a autoestima dos colaboradores.

Janeiro Branco: Um Convite ao Recomeço

O Janeiro Branco é uma oportunidade única para repensar prioridades e estabelecer um compromisso com a saúde mental. Para os profissionais de saúde, o cuidado com a mente não é apenas uma questão pessoal, mas também um fator crucial para a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes. Mas é importante que os profissionais não fiquem esperando só o que a empresa pode fazer por elas e sim, como eles mesmos podem buscar formas de obterem um estilo de vida mais saudável e prazeroso.

Por outro lado, ao priorizar o bem-estar emocional de suas equipes, as empresas de saúde não só promovem a qualidade de vida de seus colaboradores, mas também garantem um ambiente de trabalho mais produtivo e humanizado. Que este Janeiro Branco seja um marco de mudança e conscientização para todos.

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