HMPV: OMS monitora surto de vírus respiratório na China

Cris Collina
20/01/2025
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A Organização Mundial da Saúde está monitorando um surto de vírus respiratório na China causado pelo Metapneumovírus Humano (HMPV)

HMPV: OMS monitora surto de vírus respiratório na China

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está monitorando atentamente um surto de vírus respiratório na China causado pelo Metapneumovírus Humano (HMPV).

Marielly Herrera, enfermeira especializada em prevenção de infecções relacionadas à saúde da Oleak, reforça que esse patógeno, que tem semelhanças clínicas com outros vírus respiratórios, como o vírus sincicial respiratório (RSV) e a influenza, vem ganhando atenção devido ao aumento do número de casos registrados e seu impacto em populações vulneráveis.

O que é o Metapneumovírus Humano (HMPV)?

Descoberto em 2001, o HMPV é um vírus da família Paramyxoviridae, que também inclui o vírus do sarampo e da caxumba. Ele é uma causa comum de infecções respiratórias, especialmente em crianças pequenas, idosos e indivíduos com imunidade comprometida. O vírus pode causar desde sintomas leves, como coriza e febre, até quadros graves de bronquiolite e pneumonia.

O HMPV é transmitido por gotículas respiratórias, superfícies contaminadas e contato direto com pessoas infectadas. O período de incubação varia de 3 a 6 dias, e a duração da infecção depende da gravidade do caso e da resposta imunológica do indivíduo.

Dados recentes do surto na China

Desde o final de 2024, hospitais na China relataram um aumento significativo de pacientes com sintomas respiratórios graves, especialmente em crianças menores de 5 anos. Testes laboratoriais confirmaram que uma grande proporção desses casos foi causada pelo HMPV.

Segundo relatórios preliminares das autoridades de saúde chinesas, o surto parece estar concentrado em grandes centros urbanos, como Pequim e Xangai, mas há indícios de disseminação para outras regiões.

A OMS divulgou que está colaborando com as autoridades locais para monitorar o surto, coletar dados sobre transmissibilidade e gravidade, e avaliar a necessidade de medidas internacionais.

O Ministério da Saúde está acompanhando atentamente o surto de metapneumovírus humano (HMPV) na China, que tem causado infecções respiratórias, especialmente entre crianças do país. 

De acordo com Marcelo Gomes, coordenador-geral de Vigilância da Covid-19, Influenza e outros Vírus Respiratórios do Ministério da Saúde, até o momento não há alerta internacional emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a vigilância epidemiológica brasileira está em constante comunicação com autoridades sanitárias da OMS e de vários países, incluindo a China, para monitorar a situação e trocar informações relevantes. 

Segundo Gomes, as últimas atualizações de vigilância do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China (China CDC) apontam que a magnitude e intensidade das infecções respiratórias foram menores do que as registradas no mesmo período do ano anterior. No entanto, foi observado um aumento nas infecções respiratórias agudas, incluindo gripe sazonal, metapneumovírus humano (HMPV), infecção por rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR) e outros, particularmente nas províncias do norte chinês.

O HMPV ainda não foi declarado uma emergência de saúde pública de interesse internacional (ESPII), mas está sob vigilância devido ao potencial de disseminação global.

No Brasil, Pernambuco registrou os primeiros casos de Metapneumovírus Humano (HMPV) em 2025, conforme divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) neste fim de semana.

As amostras positivas foram de duas crianças, uma de 1 ano e 7 meses e outra de 3 anos e 11 meses, que são moradoras do Recife e Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana. Ambas apresentaram sintomas como febre, tosse, desconforto respiratório e diarreia, mas já receberam alta hospitalar após tratamento.

Risco de pandemia: é possível?

O risco do HMPV se tornar uma nova pandemia como a COVID-19 depende de vários fatores, incluindo sua transmissibilidade, taxa de mortalidade e capacidade de evadir a imunidade preexistente.

Estudos sugerem que a maioria das pessoas é exposta ao HMPV durante a infância e desenvolve alguma imunidade. No entanto, mutações no vírus poderiam alterar sua dinâmica, tornando-o mais transmissível ou severo.

Até o momento, a OMS avalia que o HMPV apresenta um risco moderado de disseminação internacional. Embora os casos graves estejam concentrados em populações vulneráveis, como crianças e idosos, a existência de infecções assintomáticas pode facilitar a transmissão silenciosa.

Além disso, a falta de vacinas ou tratamentos específicos é um desafio na contenção de surtos maiores.

Prevenção e medidas de controle

A prevenção do HMPV envolve medidas semelhantes às usadas contra outros vírus respiratórios. Algumas das principais estratégias incluem:

  • Higiene das mãos: Lavar as mãos regularmente com água e sabão ou usar álcool em gel.
  • Uso de máscaras: Especialmente em ambientes fechados e durante surtos.
  • Isolamento de casos suspeitos: Pessoas com sintomas respiratórios devem evitar contato próximo com outros.
  • Higiene respiratória: Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.
  • Desinfecção de superfícies: Limpar regularmente superfícies tocadas com frequência.
  • Evitar lugares fechados e aglomerações;
  • Manter os ambientes ventilados com portas e janelas abertas.

Embora ainda não exista uma vacina contra o HMPV, pesquisas estão em andamento para desenvolver imunizações e terapias antivirais. A prevenção é especialmente crucial em ambientes como escolas, creches e lares de idosos, onde o risco de transmissão é mais alto.

Comparativo com a COVID-19

Embora o HMPV e o SARS-CoV-2 compartilhem semelhanças na transmissão por gotículas respiratórias, o impacto do HMPV é geralmente menos severo. A COVID-19 demonstrou uma taxa de mortalidade mais alta, transmissibilidade acelerada e capacidade de causar síndromes graves em indivíduos previamente saudáveis. Em contrapartida, o HMPV afeta predominantemente populações já vulneráveis.

No entanto, a história recente de pandemias reforça a necessidade de monitoramento rigoroso. Uma resposta precoce pode ajudar a mitigar o impacto de surtos e evitar sobrecarga em sistemas de saúde.

Impactos globais e preocupações futuras

O aumento de viagens internacionais durante o período pós-pandemia eleva o risco de disseminação global de vírus emergentes. Além disso, a pressão sobre os sistemas de saúde, especialmente em países em desenvolvimento, é uma preocupação constante.

Especialistas apontam que é fundamental investir em vigilância epidemiológica, diagnósticos rápidos e pesquisa de vacinas para lidar com ameaças como o HMPV. A colaboração internacional é essencial para garantir uma resposta coordenada e eficaz.

O surto de HMPV na China é um lembrete de que vírus respiratórios continuam sendo uma ameaça significativa à saúde pública global. Embora o risco de uma nova pandemia seja considerado moderado, a prevenção e o monitoramento são fundamentais para evitar crises sanitárias.

Com a experiência adquirida durante a pandemia de COVID-19, a comunidade global de saúde tem ferramentas e conhecimentos para lidar de forma mais eficiente com surtos emergentes. A colaboração entre países e o fortalecimento dos sistemas de saúde serão cruciais para enfrentar desafios futuros

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