Redução da Carga Microbiana

Redução da Carga Microbiana em Superfícies Críticas Hospitalares

Saiba como reduzir a carga microbiana em superfícies críticas hospitalares com base em evidências científicas, abordando avaliação de risco, protocolos validados e monitoramento contínuo para prevenir infecções.

Cris Collina
13/08/2025
5 minutos de leitura

O impacto das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS)

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam uma das principais causas de morbidade, mortalidade e aumento de custos nos hospitais brasileiros. 

Segundo o Ministério da Saúde, até 14% dos pacientes internados podem ser acometidos por essas infecções, especialmente em unidades críticas como UTIs e centros cirúrgicos. Essas infecções prolongam a internação e elevam o risco de óbito.

Superfícies críticas — aquelas de contato frequente ou alto toque, como grades de leito, mesas, equipamentos e interruptores — são importantes reservatórios de microrganismos, sobretudo por microrganismos multirresistentes, contribuindo para a transmissão cruzada.

Evidências científicas para controle da carga microbiana

Diversos estudos apontam três pilares essenciais para o controle efetivo da carga microbiana em superfícies hospitalares:

1. Avaliação de risco detalhada

Essa etapa inicial define onde e como concentrar os esforços de higienização, considerando:

  • Classificação dos ambientes e superfícies segundo a frequência de toque, risco de contaminação e vulnerabilidade dos pacientes. Exemplo: UTIs e centros cirúrgicos têm prioridade máxima; superfícies de alto toque como maçanetas e controles de leito são críticas.
  • Perfil do paciente, identificando grupos de maior risco, como pacientes imunossuprimidos e por nível de gravidade.
  • Perfil dos patógenos presentes no ambiente, levando em conta resistência e persistência.

Com esses dados, é possível estabelecer protocolos direcionados que otimizam recursos e aumentam a eficácia da limpeza.

Persistência de Patógenos Multirresistentes em Superfícies Hospitalares

Conforme evidências da literatura, os tempos de sobrevida em superfícies variam significativamente entre patógenos:

  • MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina): sobreviver de 7 dias a mais de 12 meses. (fonte: PMCPubMed)
  • Enterococcus spp. (incluindo VRE): persistência entre 5 dias e mais de 48 meses, ou até mesmo 30 meses em diferentes superfícies. (Fonte: PMCBioMed Central)
  • Clostridioides difficile (esporos): podem resistir por mais de 5 meses. (Fonte: PMCCNIB)
  • Acinetobacter baumannii: entre 3 dias e 11 meses, com sobrevivência estendida em condições favoráveis. (Fonte: PMCPubMed)
  • Pseudomonas aeruginosa: de 6 horas até 16 meses, dependendo da superfície e condições.(Fonte: BioMed CentralPMC)
  • Klebsiella spp.: notadas por sobreviver de 2 horas a mais de 30 meses, um intervalo realmente amplo.(Fonte: BioMed Central)
  • Outros patógenos, como E. coli, Salmonella, Streptococcus spp. e fungos como Candida, também exibem vários dias a meses de persistência. (Fonte: BioMed CentralPubMed)

O estudo “Cleaning Hospital Room Surfaces to Prevent Health Care–Associated Infections”, publicado em 2016 pela National Library of Medicine, apresentou como revisão 80 estudos clínicos (76 primários e 4 revisões sistemáticas), majoritariamente realizados em UTI. A maioria (61%) investigou limpeza/desinfecção, 18% focou em monitoramento e 21% na implementação de estratégias. Os objetos de alto contato mais estudados foram grades de cama, botões de chamada, interruptores de luz, mesas e vasos sanitários, com variação na escolha entre pesquisas. Os desfechos avaliados envolveram contaminação de superfícies, colonização de pacientes e taxas de infecção. Entre os patógenos, C. difficile foi o mais frequente (n=40), seguido por MRSA (n=30) e ERV (n=30), havendo também estudos que analisaram múltiplos agentes.

2. Protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção com produtos validados

É imprescindível formalizar protocolos baseados em evidências que determinem:

  • Frequência de limpeza e desinfecção conforme o tipo de superfície (exemplo: superfícies de alto toque a cada 4 horas; limpeza terminal após alta, transferência ou óbito).
  • Uso de desinfetantes validados para ambientes hospitalares, preferencialmente registrados na Anvisa e com eficácia comprovada contra vírus, bactérias multirresistentes e fungos.
  • Métodos padronizados de aplicação, incluindo quantidade do produto, sequência correta (de superfícies limpas para sujas, de cima para baixo) e tempo de contato necessário para ação microbicida.
  • Treinamento contínuo das equipes, garantindo habilidades técnicas e segurança no manuseio. Além disso, é muito importante definir o operador x atividade, ou seja, quem limpa o que.

Esses protocolos devem ser atualizados periodicamente, com base em auditorias e novas evidências.

3. Monitoramento e auditoria contínua para garantir qualidade e adesão

A eficácia dos protocolos depende do monitoramento constante, que envolve:

  • Auditorias regulares, incluindo inspeções visuais, culturas microbiológicas e uso de marcadores fluorescentes para avaliar a qualidade da limpeza.
  • Feedback imediato às equipes, facilitando correções rápidas e aprendizado contínuo.
  • Registro sistemático dos resultados, para análise de tendências, identificação de áreas críticas e embasamento de decisões.
  • Indicadores claros de desempenho, como percentual de superfícies higienizadas adequadamente e redução de IRAS.

Esse ciclo de monitoramento eleva a limpeza hospitalar a um padrão de alta qualidade e segurança.

Avaliação de risco para superfícies críticas: uma abordagem estratégica

Um estudo recente publicado, neste ano de 2025, na ScienceDirect “Hospital cleaning: considerations for designing and maintaining a successful environmental cleaning program”,  reforça que um programa eficaz de limpeza hospitalar deve partir da avaliação integrada dos perfis do paciente, da superfície e do patógeno. Essa análise permite priorizar a higienização de superfícies de alto risco — como maçanetas, interruptores e equipamentos — em detrimento de superfícies de baixo toque (paredes, pisos), otimizando esforços.

Comportamento humano e tecnologia como diferenciais para o sucesso

A adesão da equipe é fundamental para a eficácia dos protocolos. Pesquisas indicam que:

  • Treinamento contínuo e reforço da cultura de segurança aumentam significativamente a adesão às melhores práticas.
  • Ferramentas de auditoria com feedback em tempo real — como marcadores fluorescentes — ajudam a identificar falhas invisíveis e corrigir rapidamente, como o Optiglow da Oleak. O estudo “Environmental cleaning and disinfection: Sustaining changed practice and improving quality in the community hospital”, 2022, mostrou que, nas unidades médico-cirúrgicas, as taxas de limpeza inicialmente ficaram entre 60% e 70%, semelhantes a estudos anteriores. Foram necessários quatro anos de melhoria contínua para atingir a meta de 90%, alcançada no ano 4 e mantida acima desse patamar por seis anos consecutivos. Nos últimos cinco anos, a média foi de 93%, levando à revisão da meta para esse novo valor. A validação da limpeza foi realizada por enfermeiros de ligação para prevenção de infecções usando um método de direcionamento fluorescente para avaliar a eficácia da limpeza.

Um estudo denominado “Improving hospital staff compliance with environmental cleaning behavior” realizado no Cook Children’s Medical Center no Texas, demonstrou que treinamentos repetidos para equipes de enfermagem e serviços ambientais, aumentaram significativamente a limpeza de superfícies frequentemente tocadas em quartos hospitalares — de 20% para 82%. A intervenção envolveu educação prática, testes aleatórios de limpeza e reavaliações periódicas. Durante o mesmo período, observou-se redução nas taxas de várias infecções associadas à assistência à saúde, incluindo infecção por Clostridium difficile, infecções associadas ao ventilador, infecções de sítio cirúrgico e infecções da corrente sanguínea relacionadas ao uso de cateter central.

Marielly Herrera, enfermeira especialista em prevenção de IRAS da Oleak, destaca que a redução efetiva da carga microbiana depende de:

  • Utilização de desinfetantes comprovadamente eficazes, como os produtos à base de peróxido de hidrogênio e compostos quaternários de amônio.
  • Implementação de protocolos auditados e padronizados.
  • Investimento contínuo em capacitação e monitoramento tecnológico.

A linha Optigerm da Oleak, por exemplo, oferece produtos com eficácia e segurança para superfícies críticas, inclusive com efeito residual prolongado. É capaz de eliminar a Candida auris em 1 min, graças ao blend biocida de quaternário de amônio (5ª geração), PHMB (biguanida polimérica) e tensoativos presente em sua composição. 

Benefícios da adoção das melhores práticas

Marielly reforça que os hospitais que adotam programas estruturados baseados em avaliação de risco, protocolos científicos e monitoramento rigoroso observam:

  • Redução significativa da carga microbiana.
  • Diminuição da incidência de IRAS.
  • Otimização dos recursos humanos e materiais.
  • Melhoria da segurança do paciente e da reputação institucional.

Reduzir a carga microbiana em superfícies críticas hospitalares exige uma abordagem multidimensional que integra ciência, comportamento e tecnologia. Avaliar riscos, classificar superfícies, escolher produtos adequados e implementar protocolos auditados, com o engajamento das equipes, são passos fundamentais para garantir ambientes hospitalares mais seguros, protegendo vidas e otimizando custos.

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