Dispositivos invasivos e risco de infecção: novas estratégias para conter os grandes vilões hospitalares
Conheça mais sobre as estratégias disponíveis para aumentar a segurança destes pacientes em ambientes de assistência à saúde
Cris Collina
05/11/2025
Cateteres, sondas e outros dispositivos invasivos são fundamentais para o cuidado de pacientes hospitalizados, mas também representam uma das principais portas de entrada para infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
Esses dispositivos, quando não manejados de forma correta, podem se tornar grandes vilões silenciosos, responsáveis por aumentar o tempo de internação, os custos hospitalares e, em casos graves, a morbidade e/ou mortalidade.
De acordo com Marielly Herrera, enfermeira e consultora especializada em prevenção de infecções da Oleak, a preocupação com esses dispositivos deve ir muito além da técnica de inserção.
“O maior risco não está apenas no momento em que o dispositivo é colocado, mas em todo o seu manejo — desde a manutenção, manipulação e higienização, até a avaliação constante da necessidade de mantê-lo instalado”, explica a especialista.
Cateteres e sondas: um alerta constante
Entre os dispositivos mais associados a infecções estão o cateter venoso central, o cateter urinário e as sondas enterais. Segundo Marielly, cada um deles tem desafios específicos.
“No caso dos cateteres, a colonização microbiana pode ocorrer tanto na ponta quanto no trajeto do dispositivo. Já nas sondas vesicais, a manipulação inadequada e o tempo prolongado de uso são fatores críticos para o desenvolvimento de infecção urinária associada ao cateter”, destaca.
A especialista reforça que a adesão rigorosa às práticas de higiene das mãos, o uso de antissépticos adequados e a substituição de curativos de acordo com protocolos atualizados são medidas eficazes e de baixo custo para conter a contaminação.
Ventiladores mecânicos e o desafio da pneumonia associada à ventilação
Outro ponto de atenção é a pneumonia associada à ventilação (PAV), uma das infecções hospitalares mais graves e de difícil controle. “Uma das causas que levam à PAV é o biofilme que se forma nos tubos e circuitos respiratórios, ambiente perfeito para a proliferação de microrganismos resistentes. Por isso, práticas como a higiene bucal rigorosa, a aspiração de secreções com técnica asséptica e a avaliação constante dos acessórios respiratórios respeitando a periodicidade de troca, se faz essencial como medida preventiva”, explica Marielly.
Ela lembra ainda que a capacitação contínua das equipes de enfermagem e fisioterapia é determinante para prevenir esse tipo de infecção. “A tecnologia pode ajudar, mas nada substitui o olhar clínico e o cuidado cotidiano da equipe”, completa.
Novas estratégias e tecnologias de prevenção
Nos últimos anos, novas soluções vêm sendo desenvolvidas para reduzir a contaminação associada a dispositivos invasivos. Entre elas, Marielly cita o uso de cateteres impregnados com antimicrobianos, sistemas de infusão fechados, curativos com prata iônica e protocolos de limpeza de superfícies com produtos de ação comprovada contra biofilmes hospitalares.
“A indústria tem avançado em tecnologias que ajudam a reduzir a carga microbiana e simplificam o processo de desinfecção. Mas é fundamental que essas inovações sejam acompanhadas por protocolos institucionais bem definidos e uma cultura de segurança do paciente, onde cada profissional entenda seu papel na prevenção das IRAS”, enfatiza.
A Oleak vem se destacando no setor da saúde por desenvolver soluções completas para a prevenção de infecções e a segurança do paciente. Com produtos e práticas que reduzem a carga microbiana em ambientes hospitalares — como a linha Optigerm —, a empresa alia tecnologia de alto desempenho a um forte compromisso com a excelência assistencial.
Mais do que fornecer produtos, a Oleak trabalha lado a lado com equipes multiprofissionais, oferecendo treinamentos técnicos, consultorias especializadas e suporte contínuo para que as boas práticas se transformem em resultados concretos.
Sob a liderança de especialistas como Marielly Herrera, a empresa também incentiva a troca de conhecimento e a implantação de protocolos baseados em evidências científicas, ajudando hospitais de todo o país a conquistar melhores indicadores de controle de infecção e qualidade no cuidado.
O que dizem os estudos mais relevantes sobre o tema
Diversos estudos e diretrizes internacionais reforçam a urgência de adotar medidas rigorosas de prevenção de infecções associadas a dispositivos invasivos:
- Pronovost et al., New England Journal of Medicine (2006) “An Intervention to Decrease Catheter-Related Bloodstream Infections in the ICU” (Uma intervenção para diminuir infecções da corrente sanguínea relacionadas a cateteres na UTI): um dos estudos mais emblemáticos mostrou que a implementação de bundles simples — como checklist de higiene das mãos, antissepsia adequada e avaliação diária da necessidade do cateter — reduziu em até 66% as infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres.
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2017 / atualização 2024) “Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-related Infections” (Diretrizes para a prevenção de infecções relacionadas a cateteres intravasculares): as diretrizes do CDC reforçam práticas como o uso de clorexidina para antissepsia, curativos estéreis e substituição de cateteres apenas quando clinicamente indicado.

Fonte: CDC
- Cochrane Library Review “Catheter impregnation, coating or bonding for reducing central venous catheter‐related infections in adults” (Impregnação, revestimento ou colagem de cateteres para redução de infecções relacionadas a cateteres venosos centrais em adultos): revisões sistemáticas mostram que cateteres e curativos impregnados com antimicrobianos reduzem a colonização bacteriana e a incidência de infecções, especialmente em unidades de terapia intensiva.
- Timsit et al., JAMA (2009) “Chlorhexidine-impregnated sponges and less frequent dressing changes for prevention of catheter-related infections in critically ill adults: a randomized controlled trial” (Esponjas impregnadas com clorexidina e trocas de curativos menos frequentes para prevenção de infecções relacionadas a cateteres em adultos gravemente enfermos: um ensaio clínico randomizado): comprovou que curativos com clorexidina diminuem significativamente a taxa de infecção relacionada a cateter venoso central.
- Muscedere et al., meta-análise (2011) e revisões recentes (2020–2023) publicado no Pubmed “Subglottic secretion drainage for the prevention of ventilator-associated pneumonia: a systematic review and meta-analysis” (Drenagem de secreção subglótica para prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica: revisão sistemática e meta-análise): tubos endotraqueais com drenagem subglótica reduzem a ocorrência de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), além de diminuir o tempo de ventilação e de internação.
- Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024): as diretrizes mais recentes sobre prevenção de infecções de corrente sanguínea associadas a cateteres enfatizam a necessidade de combinar tecnologia, treinamento e cultura institucional.
Segundo Marielly Herrera, esses achados científicos reforçam que a prevenção depende mais de processos consistentes e engajamento das equipes do que de tecnologias isoladas. “Não há produto que substitua um protocolo bem estruturado, o monitoramento contínuo e o comprometimento das pessoas. A soma dessas ações é o que realmente salva vidas”, resume.
O papel da cultura de segurança
Para Marielly, reduzir infecções associadas a dispositivos invasivos não é apenas uma questão técnica, mas cultural. “O sucesso depende da consciência coletiva dentro das instituições.
Envolve desde o gestor, que garante recursos e treinamento, até o profissional da linha de frente, que aplica as boas práticas no dia a dia”, diz.
A consultora destaca que a análise sistemática de indicadores de infecção, aliada à educação permanente e à auditoria de processos, é o caminho mais eficaz para resultados sustentáveis. Uma dica é implementar reuniões clínicas à beira-leito com as equipes, garantindo alinhamento e vigilância constante.
“A prevenção é sempre o melhor tratamento. Cada infecção evitada representa não só economia para o sistema, mas, sobretudo, uma vida protegida”, conclui.
Referências
- PRONOVOST, P.; NEEDHAM, D.; BERENHOLTZ, S.; et al. An intervention to decrease catheter-related bloodstream infections in the ICU. The New England Journal of Medicine, v. 355, n. 26, p. 2725–2732, 28 dez. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1056/NEJMoa061115. Acesso em: 23 out. 2025. The New England Journal of Medicine
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- LAI, N. M.; CHING, S. M.; WATSON, R.; et al. Catheter impregnation, coating or bonding for reducing catheter-related bloodstream infection. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2016 (CD007878). Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD007878.pub3/abstract. Acesso em: 23 out. 2025.
- TIMSIT, J. F.; SCHWEBEL, C.; BOUADMA, L.; et al. Chlorhexidine-impregnated sponges and less frequent dressing changes for prevention of catheter-related infections in critically ill adults: a randomized controlled trial. JAMA, v. 301, n. 12, p. 1231–1241, 25 mar. 2009. DOI: 10.1001/jama.2009.376. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19318651/. Acesso em: 23 out. 2025.
- CLIMO, M. W.; BATES, D. W.; et al. Effect of daily chlorhexidine bathing on hospital-acquired infection. The New England Journal of Medicine, v. 368, n. 6, p. 533–542, 7 fev. 2013. DOI: 10.1056/NEJMoa1113849. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1113849. Acesso em: 23 out. 2025.
- MUSCEDERE, J.; REWA, O.; MCKECHNIE, K.; et al. Subglottic secretion drainage for the prevention of ventilator-associated pneumonia: a systematic review and meta-analysis. Critical Care Medicine, v. 39, n. 8, p. 1985–1991, ago. 2011. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21478738/. Acesso em: 23 out. 2025.
- SAINT, S.; et al. The efficacy of silver alloy-coated urinary catheters in reducing catheter-associated bacteriuria: systematic reviews and meta-analyses (classical references). In: National Library of Medicine / Evidences and reviews (ex.: Saint 1998 summary). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK67313/. Acesso em: 23 out. 2025.
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- AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH AND QUALITY (AHRQ). Subglottic secretion drainage: literature review / technical summary (revisões e sínteses sobre SSD e prevenção de VAP). Disponível em: https://www.ahrq.gov/hai/tools/mvp/modules/technical/subglottic-lit-review.html. Acesso em: 23 out. 2025.
- CDC — Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-Related Infections (print/pdf). Atlanta: CDC; (2011; last update Oct 2017). Disponível em: https://www.cdc.gov/infectioncontrol/media/pdfs/Guideline-BSI-H.pdf e portal resumo: https://www.cdc.gov/infection-control/hcp/intravascular-catheter-related-infection/index.html. Acesso em: 23 out. 2025.
- WHO — World Health Organization. New guidance aims to reduce bloodstream infections from catheter use (news release). Geneva, 9 maio 2024. Disponível em: https://www.who.int/news/item/09-05-2024-new-guidance-aims-to-reduce-bloodstream-infections-from-catheter-use. Acesso em: 23 out. 2025.


