Coqueluche: O que é, diagnóstico, tratamento e medidas de limpeza para prevenir a contaminação

Cris Collina
10/07/2024
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Ministério da Saúde alerta sobre o aumento do número de casos da doença no Brasil e no mundo, a vacinação está entre as medidas de prevenção

Coqueluche: O que é, diagnóstico, tratamento e medidas de limpeza para prevenir a contaminação

A coqueluche, também conhecida como tosse comprida ou pertussis, é uma doença infecciosa altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Esta bactéria afeta o sistema respiratório, especialmente a traqueia e os brônquios, provocando crises de tosse intensa que podem durar semanas ou até meses. A doença é particularmente perigosa para bebês e crianças pequenas, mas também pode afetar adolescentes e adultos.

Segundo o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para coqueluche têm relação direta com a falta de adesão ao programa de imunização durante a pandemia de COVID-19 até os dias atuais.

Nas crianças a imunidade à doença é adquirida quando elas tomam as três doses da vacina, sendo necessária a realização dos reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Pode ser que o adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, fique suscetível novamente à doença porque a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo. 

Saiba mais sobre o assunto com a enfermeira especializada em prevenção de infecções hospitalares da Oleak, Marielly Herrera. Boa leitura!

Aumento da incidência da doença

Segundo notícia publicada pela Agência Brasil, pelo menos:

  • Em 2023, 17 países da União Europeia registraram um aumento de casos de coqueluche, com 25 mil notificações da doença. Já em 2024, no período de janeiro a março, foram registrados 32 mil casos.
  • A Bolívia registrou surto da doença em 2023, com 693 casos confirmados de janeiro a agosto, sendo 435 (62,8%) em menores de 5 anos, além de oito óbitos.
  • O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro.

No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014 (8.614 casos). De 2019 a 2023, todas as 27 unidades federativas notificaram casos de coqueluche. Pernambuco confirmou o maior número de casos (776), seguido por São Paulo (300), Minas Gerais (253), Paraná (158), Rio Grande do Sul (148) e Bahia (122). No mesmo período, foram registradas 12 mortes pela doença, sendo 11 em 2019 e uma em 2020.

Em 2024, os números continuam altos. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo notificou 139 casos de coqueluche de janeiro até o início de junho – um aumento de 768,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve 16 registros da doença no estado.

Só neste ano, a cidade de São Paulo registrou 105 casos de coqueluche, o que levou a prefeitura a emitir um alerta aos serviços de saúde da capital. Este aumento significativo no número de casos destaca a importância da vigilância contínua e da vacinação.

A Prefeitura de São Paulo recomendou ações imediatas, como:

Reforço da Vacinação: A vacina DTPa (difteria, tétano e pertussis acelular) é a principal medida preventiva contra a coqueluche. É crucial que as crianças recebam todas as doses recomendadas. 

A vacina é oferecida pelo SUS, Os bebês devem ser vacinados ainda nos primeiros meses de vida. São três doses: aos 2, aos 4 e aos 6 meses de idade. Depois, uma dose de reforço aos 15 meses e um segundo reforço aos 4 anos. A vacina é a chamada tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. 

O Programa de Saúde dedicado à saúde materna no Brasil, determina que a partir do quinto mês de gestação essas gestantes podem receber uma vacina. Assim sendo, com esse reforço às gestantes e seus bebês são protegidos para essas três doenças, e posteriormente esse bebê será vacinado conforme calendário vacinal.

Monitoramento e Isolamento: Identificação precoce e isolamento de casos suspeitos para evitar a propagação da doença.

Educação e Conscientização: Informar a população sobre os sintomas da coqueluche e a importância da vacinação.

Como é diagnosticada?

O diagnóstico da coqueluche pode ser desafiador, especialmente nos estágios iniciais, pois os sintomas são semelhantes aos de um resfriado comum. No entanto, alguns sinais distintivos incluem:

Tosse Paroxística: Crises de tosse intensas e repetitivas que podem resultar em vômito.

Guincho Inspiratório: Um som agudo durante a inalação após um ataque de tosse.

Apneia: Pausas na respiração, especialmente em bebês.

Para confirmar o diagnóstico, os médicos podem realizar testes laboratoriais, tais como:

Cultura de Secreção Nasofaríngea: Coleta de amostras de muco da parte de trás do nariz e da garganta para detectar a presença da bactéria Bordetella pertussis.

Teste PCR: Um teste molecular que identifica o DNA da bactéria.

Sorologia: Exames de sangue que detectam anticorpos específicos contra a bactéria.

Tratamento da Coqueluche

O tratamento da coqueluche geralmente envolve o uso de antibióticos, como a azitromicina, eritromicina ou claritromicina, para reduzir a gravidade e a duração da doença, além de prevenir a propagação da infecção. Em casos graves, especialmente em bebês, a hospitalização pode ser necessária para monitorar e tratar complicações, como apneia e pneumonia.

Além dos antibióticos, medidas de suporte são essenciais:

  • Hidratação Adequada: Beber muitos líquidos para manter a hidratação.
  • Descanso: Repouso adequado para ajudar na recuperação.
  • Controle da Tosse: Uso de umidificadores e posicionamento adequado durante o sono para aliviar a tosse.

Medidas higiene e limpeza para prevenir a coqueluche

Além da vacinação e do tratamento adequado, reforçar a higiene e a limpeza é fundamental para prevenir a propagação da Bordetella pertussis. A bactéria pode ser transmitida por meio de gotículas respiratórias expelidas durante a tosse ou espirro de uma pessoa infectada. Aqui estão algumas medidas de higiene que podem ajudar a controlar a disseminação da coqueluche:

Higienizar as Mãos Frequentemente:

  • Higienizar as mãos com água e sabonete como o Opticare Toilette por 40 a 60 segundos em casos de sujidades visíveis nas mãos.
  • Para garantir durante a assistência aos pacientes, praticar os 5 momentos de higiene das mãos com antisséptico alcoólico, como o Opticare IHS Gel e Espuma.

Higienizar Superfícies:

  •  Limpar e desinfetar regularmente superfícies frequentemente tocadas, como maçanetas, interruptores de luz, bancadas, mesas e brinquedos. Utilizar desinfetantes adequados que sejam eficazes contra microrganismos, como o Optigerm Pronto-Uso.

Higiene Respiratória:

  • Cobrir a boca e o nariz com um lenço ou com o cotovelo ao tossir ou espirrar.
  • Descartar lenços usados imediatamente e higienizar as mãos em seguida.

Ventilação dos Ambientes:

  • Manter os ambientes bem ventilados, abrindo janelas e portas para permitir a circulação de ar fresco.

Evitar Compartilhamento de Utensílios:

  • Não compartilhar utensílios pessoais, como copos, talheres, toalhas ou escovas de dentes.

Uso de Máscaras:

  • Utilizar máscara, se possível, na necessidade de saída do quarto de isolamento. Os profissionais deverão aderir aos equipamentos de proteção individual para este tipo de precaução de isolamento.
  • Em caso suspeito ou confirmado, o paciente deverá permanecer em isolamento durante o período de transmissão. As visitas deverão ser desencorajadas. A entrada de familiares autorizados ocorrerá mediante uso de equipamentos de proteção individual como máscara facial, avental e luvas.

Importância da Limpeza em Ambientes de Saúde

Marielly reforça que em ambientes de saúde, como hospitais e clínicas, a limpeza e desinfecção são ainda mais cruciais para prevenir a disseminação da coqueluche e outras doenças infecciosas. As seguintes medidas adicionais podem ser implementadas:

Protocolos Estritos de Limpeza:

  • Seguir protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção de áreas comuns e equipamentos médicos.

Escolha dos produtos de limpeza com efeito bactericida e residual:

  • Verificação dos Ingredientes Ativos: Escolher produtos que contenham ingredientes ativos eficazes contra bactérias, como hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, quaternários de amônio ou álcool etílico.
  • Certificação e Aprovação: Verificar se os produtos possuem certificação e aprovação de órgãos reguladores de saúde, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil.
  • Leitura das Instruções de Uso: Seguir as instruções de uso fornecidas pelo fabricante para garantir a eficácia do produto.
  • Aplicação em Superfícies Adequadas: Utilizar os produtos nas superfícies recomendadas, como bancadas, maçanetas, interruptores de luz, brinquedos e áreas comuns.
  • Consideração de Sensibilidade e Segurança: Escolher produtos que sejam seguros para uso em ambientes com crianças, idosos e pessoas sensíveis, evitando produtos que possam causar irritações ou reações alérgicas.

Treinamento de Profissionais de Saúde e Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs):

  • Treinar a equipe de saúde sobre as melhores práticas de higiene e controle de infecções.
  • Uso adequado de EPIs, como luvas, máscaras e aventais, para proteger os profissionais de saúde e pacientes.

O aumento dos casos em São Paulo em 2024 é um lembrete da importância da vigilância contínua e das medidas preventivas, segundo a especialista Marielly Herrera.

Reforçar as medidas de higiene e limpeza é essencial para controlar a propagação da Bordetella pertussis. Além das práticas de limpeza regular, a conscientização sobre higiene respiratória e a vacinação contínua das crianças e das gestantes são fundamentais para prevenir surtos de coqueluche. A colaboração entre os serviços de saúde e a população é crucial para manter a doença sob controle e prevenir surtos futuros.

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