O início de 2025 trouxe um alerta preocupante para os frequentadores das praias brasileiras, especialmente na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Um surto de gastroenterite viral afetou o trato gastrointestinal, caracterizado por sintomas como febre, náusea, vômito, diarreia e mal-estar geral. A duração dos sintomas pode variar de um dia a uma semana, e a desidratação pode ser classificada como leve, moderada ou severa.
Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da Oleak na Divisão de Prevenção de Infecções Relacionadas à Saúde, alerta que este episódio levanta questões sérias sobre o saneamento e o tratamento de esgoto nas regiões, colocando em pauta a segurança e a qualidade da água em áreas litorâneas.
O que sabemos sobre o Norovírus e a virose?
De acordo com autoridades sanitárias, a virose que está acometendo a população é tipicamente causada por agentes virais presentes na água ou em alimentos contaminados.
O norovírus, identificado como o principal causador da gastroenterite aguda em todo o mundo, é um agente altamente contagioso.
Ele é transmitido principalmente por via fecal-oral, através do consumo de alimentos ou água contaminados, além de superfícies infectadas e contato direto com pessoas contaminadas. Em regiões com problemas de saneamento básico, o norovírus se espalha facilmente, sendo responsável por surtos em diversas partes do mundo.
Os sintomas incluem náuseas, vômitos, diarreia e dores abdominais, que podem surgir de forma repentina e durar de 1 a 3 dias. Devido à sua elevada resistência a desinfetantes e à capacidade de disseminação em ambientes como hospitais, escolas e cruzeiros, medidas de higiene rigorosas são fundamentais para prevenir a transmissão.
O aumento de casos no litoral paulista está diretamente relacionado às chuvas intensas típicas do verão, que sobrecarregam os sistemas de drenagem e tratamento de esgoto. Esse fenômeno resulta no despejo de água contaminada no mar, expondo banhistas e moradores locais a um risco elevado de contrair doenças.
Sinais e Sintomas: Como identificar a virose?
Os sintomas da virose causada pelo norovírus geralmente surgem de forma rápida, dentro de 12 a 48 horas após a exposição. Entre os sinais mais comuns estão:
- Febre baixa a moderada;
- Enjoo e vômitos;
- Diarreia, muitas vezes acompanhada de cólicas abdominais;
- Cansaço extremo e falta de apetite;
- Desidratação, que pode ser grave em casos mais prolongados.
Embora os sintomas sejam geralmente leves e autolimitados, durando entre 2 e 3 dias, grupos como crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade comprometida podem enfrentar complicações mais sérias, exigindo atenção médica.
É possível contrair a virose sem ir à praia?
Sim, mesmo quem não frequenta as praias pode contrair a virose. A transmissão não se limita ao contato com a água contaminada; ela também ocorre de pessoa para pessoa, especialmente em ambientes com condições de higiene inadequadas. Isso inclui:
- Consumo de alimentos preparados com água ou utensílios contaminados;
- Contato com superfícies infectadas por indivíduos doentes;
- Manipulação de objetos compartilhados sem higienização adequada.
Portanto, é importante adotar medidas preventivas, mesmo para quem está longe do litoral.
Medidas de Prevenção: Como se proteger?
Para reduzir os riscos de contágio, siga estas práticas de higiene e cuidado:
- Evite praias impróprias para banho: Verifique os boletins de qualidade da água antes de visitar uma praia.
- Lave as mãos frequentemente: Use água e sabão, especialmente antes de comer, preparar alimentos ou tocar o rosto.
- Higienize alimentos e utensílios: Lave bem frutas, verduras e utensílios com água limpa e, se possível, utilize soluções desinfetantes.
- Beba água tratada ou filtrada: Evite consumir água de fontes desconhecidas.
- Evite aglomerações: Locais com grande concentração de pessoas podem aumentar o risco de transmissão.
- Mantenha os cuidados ao manipular alimentos: Cozinhe bem os alimentos e evite consumir produtos crus de procedência duvidosa.
Alessandra Lucchesi, diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Estado da Saúde, alertou à Agência Brasil: “Diante do aumento das gastroenterites, a principal recomendação é reforçar a higienização das mãos, principalmente antes de se alimentar e antes de preparar qualquer tipo de alimento, e evitar alimentos mal cozidos.”
Em caso de alteração de cor, gosto ou cheiro na água fornecida pelo sistema público, a população pode usar hipoclorito de sódio (água sanitária) a 2,5% para desinfecção. A proporção recomendada é de duas gotas por litro de água, aguardando 30 minutos antes do consumo.
O que fazer em caso de infecção?
Se você ou alguém da sua família apresentar sintomas de virose, siga estas orientações:
- Hidratação constante: Reponha líquidos com água, soro caseiro ou soluções de reidratação oral.
- Repouso: Dê ao corpo o tempo necessário para se recuperar.
- Evite automedicação: Em casos graves ou persistentes, procure orientação médica.
- Isolamento: Evite contato próximo com outras pessoas para minimizar o risco de transmissão.
A relação entre saneamento básico e o norovírus
O surto nas praias brasileiras evidencia a necessidade urgente de melhorias no saneamento básico. Na Baixada Santista, as chuvas intensas agravam a situação ao sobrecarregar os sistemas de drenagem e esgoto. Estudos indicam que cerca de 50% do esgoto da região ainda é despejado sem tratamento adequado, favorecendo a proliferação de doenças transmitidas pela água.
Investir na melhoria das condições de saneamento é fundamental para prevenir surtos futuros. Isso envolve a ampliação das redes de coleta, o investimento em estações de tratamento de esgoto e ações de conscientização sobre a destinação correta dos resíduos.
Impactos sociais e econômicos
Além dos problemas de saúde, o surto de virose gerou impactos na economia local. O turismo, vital para muitas cidades litorâneas, foi afetado pela relutância dos turistas em frequentar praias contaminadas. O aumento da demanda por medicamentos e a sobrecarga dos sistemas de saúde também evidenciam a fragilidade dos serviços públicos.
O surto de virose nas praias brasileiras em 2025 destaca a urgência de melhorias no saneamento básico e na gestão ambiental. Somente com ações governamentais combinadas com atitudes preventivas da população será possível reduzir a frequência de surtos e garantir a segurança e qualidade de vida nas áreas litorâneas.