A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu recentemente um alerta epidemiológico sobre o sarampo nas Américas, destacando o aumento de casos na região e reforçando a necessidade de intensificar as medidas preventivas, especialmente a vacinação. Essa é a única forma eficaz de proteger contra essa doença altamente contagiosa.
Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da divisão de Prevenção de Infecções Relacionadas à Saúde da Oleak, destaca a necessidade de vigilância e conscientização para combater essa doença que é altamente contagiosa. “O sarampo é uma ameaça que exige mobilização constante de toda a sociedade.
Com a globalização e o aumento das viagens internacionais, precisamos redobrar os cuidados com a vacinação e o monitoramento de casos suspeitos”, enfatiza Gonzalez.
O que é o sarampo?
O sarampo é uma infecção viral grave, que começa na mucosa do nariz e dos seios da face, espalhando pelo corpo por meio da corrente sanguínea. Extremamente contagioso, estima-se que uma pessoa infectada possa transmitir o vírus para até 90% das pessoas próximas que não estão imunizadas.
Sintomas do Sarampo: atenção aos sinais
Veja os principais sinais e sintomas:
1. Sintomas Iniciais (Pródromos)
Febre alta: Geralmente acima de 38,5 °C.
Mal-estar e fadiga: Sensação de cansaço e indisposição.
Tosse seca: Um dos primeiros sinais, persistente e seca.
Coriza: Secreção nasal, como em resfriados.
Conjuntivite: Olhos vermelhos e lacrimejantes, com sensibilidade à luz.
2. Surgimento do Exantema (Erupção Cutânea)
Após os sintomas iniciais, surge uma erupção cutânea característica, conhecida como exantema:
Maculopapular: Pequenas manchas vermelhas, que podem ser ligeiramente elevadas.
Progressão: Começa geralmente no rosto, próximo à linha do cabelo e atrás das orelhas, e se espalha para o tronco, braços, pernas e pés.
O exantema pode durar cerca de 4 a 7 dias e geralmente desaparece na mesma ordem em que apareceu.
3. Manchas de Koplik
Pequenas manchas brancas, com um centro avermelhado, que aparecem na mucosa da boca, próximo aos dentes molares. Essas manchas são um sinal clínico importante e aparecem antes do exantema.
4. Outros Sintomas
Dor de garganta
Perda de apetite
Irritabilidade (especialmente em crianças)
Inchaço dos gânglios linfáticos: Podem aparecer inchaços nos gânglios do pescoço.
5. Período de Contágio
O sarampo é transmissível apenas entre humanos de 4 a 6 dias antes e até 4 dias após o surgimento do exantema.
A transmissão do sarampo é direta, pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas, expelidas pela pessoa infectada ao tossir, espirrar, falar ou respirar. A transmissão pode ocorrer também por meio de gotículas com partículas virais dispersas em aerossol em ambientes fechados e mesmo públicos, como, por exemplo: escolas, creches, clínicas, e meios de transporte.
Esses sintomas podem evoluir para complicações graves, como pneumonia, otite média, encefalite e até morte, especialmente em crianças pequenas, adultos com sistema imunológico comprometido e pessoas não vacinadas.
Situação atual no Brasil
Em novembro de 2024, o Brasil foi recertificado como país livre do sarampo pela OPAS, após dois anos sem transmissão local da doença. Entretanto, casos importados continuam a ocorrer. Este ano, quatro casos foram confirmados:
- Janeiro: Rio Grande do Sul, em paciente vindo do Paquistão.
- Agosto: Minas Gerais, após viagem à Inglaterra.
- Outubro: São Paulo, em um casal exposto ao vírus na Europa, portanto a linhagem viral D8.
Esses episódios ressaltam a necessidade de manter a vigilância epidemiológica ativa e a cobertura vacinal em alta.
Panorama global do sarampo em 2024
Em 2024, o mundo enfrentou um aumento expressivo de casos devido à queda na cobertura vacinal durante a pandemia de COVID-19. Países como Azerbaijão e Índia registraram surtos graves. Além disso, surtos expressivos também ocorreram em diversos países da Europa, onde mais de 56.000 casos foram reportados em 45 dos 53 países da região europeia da OMS – Organização Mundial da Saúde até o meio de 2024. Na Europa, o sarampo continua a representar uma ameaça significativa à saúde infantil, devido ao acúmulo de crianças que não receberam a vacinação durante a pandemia de COVID-19.
Nos Estados Unidos, 264 casos foram reportados, associados principalmente a viajantes não vacinados.
A importância da vacinação
A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), oferecida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal ferramenta para prevenir surtos. O esquema vacinal recomendado inclui:
- 1 a 29 anos: Duas doses, aos 12 meses e aos 15 meses.
- 30 a 59 anos: Uma dose, caso nunca tenha sido vacinado.
- Trabalhadores da saúde: Duas doses, independentemente da idade.
Regiane Gonzalez, enfermeira e gerente comercial da divisão de Prevenção de Infecções da Oleak, reforça:
“A vacinação é a base para proteger a população e impedir surtos futuros. Manter a carteira vacinal atualizada é uma medida simples, mas essencial.”
Ações de vigilância e prevenção
Além da vacinação, medidas como identificação precoce de casos, notificação às autoridades e bloqueio vacinal são cruciais para evitar a propagação. A conscientização da população também desempenha um papel vital.
Cuidados para viajantes
Para quem viaja a regiões com surtos, a vacinação antes da viagem é indispensável. Após o retorno, é importante monitorar sintomas por até 21 dias e procurar atendimento médico ao primeiro sinal da doença.
Mobilização coletiva
O sarampo é uma doença evitável, mas exige esforço coletivo. Governos, profissionais de saúde e a sociedade devem trabalhar juntos para manter altas taxas de vacinação e evitar novos surtos.
Como enfatiza Gonzalez:
“Prevenir o sarampo é uma responsabilidade de todos. A conscientização e a ação coletiva são fundamentais para proteger vidas.”
Atualize sua vacinação, incentive amigos e familiares a fazerem o mesmo e seja parte da solução. Juntos, podemos combater o sarampo e proteger as futuras gerações.