Business & Marketing

Inovação com propósito: a missão como norte das empresas

A missão precisa ser consistente dentro das empresas mesmo em períodos em que a busca pela inovação fale mais alto

André Fonseca
06/05/2025
4 minutos de leitura
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No contexto atual, em que vivemos transformações constantes e em que precisamos sempre estar atentos às novidades, é natural que empresas busquem se reinventar e inovar para acompanhar as exigências do mercado. No entanto, esse movimento não pode ser feito sem a reflexão adequada. Essa ansiedade pela inovação pode até mesmo ser prejudicial a alguns negócios, por deixar de lado um elemento essencial no longo prazo das empresas: a sua missão.

A missão de uma empresa não é apenas uma declaração formal disponível no site institucional. Ela representa a razão de existir da organização, funcionando como um guia estratégico, que deve ser referência sempre durante a tomada de decisões e como um critério de alinhamento e de sinergia entre as iniciativas. Em momentos complexos, que exigem mudanças e inovações, é importante manter a coerência com este propósito.

Em um episódio do podcast Masters of Scale, o co-fundador do LinkedIn Reid Hoffman trouxe como convidado Brian Chesky, cofundador e CEO do Airbnb. No episódio, Chesky relata como a empresa se distanciou de sua missão original durante períodos de crescimento acelerado. E algumas decisões, mesmo sendo bem intencionadas, criaram desconexões internas dentro da empresa e com seus usuários.

A missão do Airbnb é “construir um mundo onde todos possam se sentir em casa em qualquer lugar”. E, segundo Chesky, isso sempre esteve no centro da proposta da empresa. No entanto, à medida que a organização cresceu, surgiram iniciativas que, embora inovadoras, desviaram a empresa de seu foco principal. Com o tempo, foi necessário fazer uma pausa, reavaliar o caminho e retomar o foco na missão do Airbnb, o que permitiu à empresa retomar o crescimento de forma mais coesa.

O que podemos aprender desta história é que você até pode pivotar no meio do caminho. Mas a missão tem que se manter igual e ser como uma estrela polar, ou seja, o objetivo principal para o qual nasceu para fazer. A própria Oleak variou um pouco a forma de atender o mercado brasileiro ao longo dos anos. E um dos maiores exemplos disso é a nossa linha de Prevenção de Infecções, focada em ambientes de assistência à saúde.

A missão da Oleak é melhorar as condições de higiene e limpeza em ambientes institucionais, proporcionando mais saúde, conforto e bem-estar a todas as pessoas que trabalham ou frequentam estes ambientes.

Quando a gente pensa em toda a trajetória da Oleak, não era o objetivo principal produzir saneantes hospitalares. O foco segue a missão de proporcionar melhores condições de higiene e limpeza, que agora foi estendido também aos ambientes de assistência à saúde, de modo a oferecer soluções eficientes, que consigam eliminar microrganismos multirresistentes com a eficácia necessária.

A missão não deve ser vista como uma limitação, mas sim como um ponto de estabilidade e coerência. Ela centraliza e sintetiza tudo o que a empresa executa com excelência, sustentando sua proposta de valor. Inovar não significa abandonar o core business, mas sim encontrar novas formas de expandi-lo, aprimorá-lo e adaptá-lo às novas realidades.

Algumas das iniciativas mais bem-sucedidas de inovação são justamente aquelas que reforçam o posicionamento da empresa no seu segmento principal. Elas não tentam criar uma nova identidade, mas sim ampliar a capacidade da empresa de cumprir a sua missão de forma mais eficaz e relevante. Por exemplo, no próprio caso da Airbnb, as inovações que prosperaram foram aquelas que aprofundaram a experiência de hospitalidade e o sentimento de pertencimento.

Enquanto gerente, é necessário tomar decisões o tempo todo. E para tomar a melhor decisão possível, é importante ter critérios consistentes. Uma missão bem definida contribui nisto diretamente, por orientar lançamentos, parcerias, posicionamento de marca e as decisões internas de gestão. Quando há coerência entre a missão e as ações da empresa, a organização transmite mais confiança, tanto para o seu público interno quanto para o mercado.

Por outro lado, quando a inovação se distancia do propósito central, pode ocorrer uma fragmentação estratégica. Há alguns sintomas desta fragmentação que podem ser percebidos no dia-a-dia das empresas, como projetos desconectados, esforços de marketing pouco coerentes e uma cultura organizacional mais enfraquecida.

E, dentro das empresas, o marketing tem um papel muito importante na manutenção e no reforço da missão para todos, seja através da comunicação interna e externa, do posicionamento da marca e do relacionamento com o cliente. Cada campanha, cada novo produto ou serviço, e até mesmo a linguagem e tom de voz utilizados nas redes sociais deve refletir o propósito maior da organização. Quando há alinhamento, o mercado reconhece a autenticidade da marca. Mas quando há ruído, a percepção de valor tende a se enfraquecer.

Em um momento em que a inovação é amplamente incentivada, é importante trabalhar sempre em conformidade com a missão da empresa. A inovação é desejável – na maioria das vezes necessária –, mas ela deve ser orientada por um propósito claro e estar alinhada ao core business da organização.

As empresas que mantêm este equilíbrio tendem a crescer com solidez, a preservar sua identidade e a construir marcas mais duradouras. Já aquelas que priorizam a novidade em detrimento da missão correm o risco de perder o foco estratégico, a coesão interna e a confiança do mercado.

Manter-se fiel à missão é, muitas vezes, um ato de disciplina e de maturidade empresarial. Em um cenário de rápidas transformações, as empresas que conhecem profundamente seu propósito conseguem inovar com relevância e impacto. Quando a missão está presente em cada decisão, a inovação deixa de ser apenas uma resposta ao novo e passa a ser uma extensão natural do que a organização acredita e deseja construir no mundo.

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