Facilities Management

ISO 41001 no Brasil: Por que Ainda Não Engrenou?

Entenda os motivos do padrão ISO 41001 ainda não ter conquistado espaço significativo no mercado brasileiro

Celso Toshio Saito
18/09/2025
2 minutos de leitura
Facilities Prédio

No artigo anterior, destacamos o potencial transformador da ISO 41001 para o Facility Management (FM) e como ela pode elevar a maturidade do setor. No entanto, na prática, a realidade mostra que a adoção dessa certificação ainda é muito tímida — especialmente no Brasil.

E aqui, vale um olhar crítico: por que um padrão reconhecido internacionalmente, que pode agregar valor à operação e à imagem de uma empresa, não conquistou espaço significativo no nosso mercado?

O contraste internacional

Em países onde o FM já é uma atividade madura e regulamentada, a certificação ISO 41001 encontra terreno fértil. Lá, para atuar profissionalmente, é exigida formação universitária específica, além de existirem padrões consolidados há anos. A ISO 41001, nesses mercados, serve como um refinamento de processos — e não como um divisor de águas. Talvez exatamente por isso, não tenha causado grande disrupção: ela apenas reforçou práticas que já eram comuns.

A realidade brasileira

No Brasil, o cenário é bem diferente.

  • Não há graduação específica obrigatória para exercer a função.
  • A formação mais próxima vem de pós-graduações ou cursos livres.
  • A profissão ainda está em fase de consolidação como campo estratégico e especializado.

Outro fator que desestimula a certificação é o modelo de concessão: a ISO 41001 não certifica a empresa como um todo, mas sim o endereço ou empreendimento específico.
Isso significa que:

  • Se uma empresa prestadora de serviços perde o contrato, perde também a certificação.
  • Se o gestor interno muda de sede, precisa re-certificar o novo endereço.

Para muitos, esse risco não compensa o investimento — especialmente em contratos de prazo limitado.


Provocações necessárias

  • Será que estamos medindo o valor da certificação apenas pelo “papel na parede”?
  • Não estamos deixando de lado a oportunidade de incorporar práticas de classe mundial por conta de uma visão de curto prazo?
  • Quantas empresas já perderam vantagem competitiva por não adotarem melhorias apenas porque o selo não era “permanente”?

O verdadeiro valor: aprendizado e legado

Mesmo que a certificação seja válida para um endereço específico, o processo de preparação e auditoria oferece algo que não se perde: conhecimento aplicado.

  • Empresas que adotam a ISO 41001 passam por uma revisão completa de processos, integração de áreas e definição de indicadores de desempenho.
  • Essas práticas ficam na cultura da organização, mesmo que a recertificação não ocorra.
  • O know-how adquirido melhora a gestão interna e fortalece a entrega de serviços ao mercado.

Em outras palavras: o selo pode expirar, mas a competência adquirida não.

Conclusão

O Brasil não precisa esperar que a certificação ISO 41001 se torne obrigatória ou que o mercado “amadureça sozinho”. O que falta é mudar a mentalidade: encarar o investimento não como custo, mas como oportunidade estratégica de se posicionar entre os líderes.

Talvez o dia em que tratarmos a adoção de padrões globais como um diferencial competitivo e não como burocracia, o FM nacional dê um salto que hoje parece distante.

Certificação é temporária. Conhecimento é permanente.

Convite final

📢 Em breve lançaremos um e-book exclusivo sobre a ISO 41001 FM.

Ele vai mostrar, na prática, como aplicar cada uma dessas normas para mudar a forma como o mercado vê o seu trabalho — e como você pode usar o FM para conquistar mais relevância estratégica.

Sua atuação pode continuar sendo vista como custo ou pode ser reconhecida como investimento essencial para o sucesso da organização.

A escolha — e a ação — são suas.

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    Por Celso Toshio Saito

    Influenciador de peso no mercado de facility management, com uma carreira consolidada de mais de 13 anos na área. Ele é docente na faculdade Albert Einstein, na instituição FS Educa, na Fundação UniAbralimp e é presença frequente em eventos relevantes do setor, como a Higiexpo. Em 2017, ganhou o prêmio ABRAFAC por seu trabalho “Smart Workplace for Generations´s Diversity”.